A decisão da Secretaria de Saúde de São José de transferir um grupo de médicos supostamente ligado à administração do PSDB provocou uma nova crise na rede, que resultou em pedidos de demissão e manifestos por meio de carta aberta e pelas redes sociais.
Cinco profissionais foram remanejados pelo governo Carlinhos Almeida (PT), todos eles servidores de carreira que ocupavam cargos de chefia no Hospital Municipal e no serviço Resgate Saúde. Eles pediram exoneração da prefeitura na semana passada, após serem transferidos para plantões aos finais de semana nas UPAS do Novo Horizonte e Campo dos Alemães. Os cinco entraram na rede como médicos emergencistas.
Parte do grupo chegou a acionar a Justiça pedindo a revisão da transferência, mas na falta de uma decisão optaram pelo desligamento. O grupo produziu uma carta aberta e criou um blog para falar da situação da rede. O fato também será denunciado ao CRM (Conselho Regional de Medicina).
O grupo alega que o temor de novas ‘listas’ de transferência gerou um clima de instabilidade na rede. A administração teria elaborado duas listas de transferências a primeira previa dez remanejamentos, mas após críticas foi reduzida.
“Não temos vinculação com qualquer partido político, mas nossos nomes foram escolhidos por sermos próximos do ex-secretário Danilo Stanzani. Não vemos uma ação de governo, mas um revanchismo”, disse o diretor clínico do Hospital Municipal, Marcos Antônio da Silva. Ele pediu exoneração do cargo de médico emergencista, mas manteve o vínculo com a SPDM, organização que administra o hospital Municipal.
“A decisão do governo ocorreu à revelia de diálogo até com a direção do Hospital Municipal”, disse Silva, que atuava na rede havia 13 anos. Segundo ele, o objetivo não é atacar a administração, mas fazer chegar à população e ao prefeito o que aconteceu. “Atitudes como essa trazem prejuízos à gestão de serviços importantes e criam um clima ruim”, afirmou.
O grupo também teme o desmonte do Resgate Saúde, programa de atendimento emergencial criado em 2005, na gestão do PSDB, e que realiza cerca de 1.300 atendimentos por mês. Pelo menos cinco dos oito médicos plantonistas estariam na lista de transferência. Três deles já pediram demissão.
“São médicos com perfil diferenciado e que receberam treinamento do Corpo de Bombeiros. Os que ficaram trabalham desmotivados”, disse o coordenador do Resgate Saúde, Fernando Fonseca Costa, que também pediu demissão. “Os boatos de novas listas criaram um clima de insegurança nos funcionários.”
O Vale
Publicado em: 14/02/2013