A apresentação do Auto de Natal da Casa de Cultura Eugênia da Silva (Rua dos Carteiros, 110), no Novo Horizonte, nesta terça-feira (10), às 18h, terá uma gambá como destaque. O animal é uma das personagens que compõem os presépios do Vale do Paraíba e simboliza a generosidade.
O Auto de Natal será encenado pelos alunos de teatro infantil da Casa de Cultura sob a orientação do monitor André Ravasco. Com o texto de Maria Clara Machado, eles vão fazer uma encenação do presépio vivo, trazendo a memória de dona Eugênia da Silva, famosa figuereira de São José dos Campos, que montava o presépio de barro todos os anos no Novo Horizonte.
De acordo com a tradição, os presépios produzidos pelos figureiros do Vale do Paraíba remontam ao século XVII, quando foi organizado o Convento de Santa Clara pelos Franciscanos, em Taubaté. Eles eram montados com as figuras de São José, Nossa Senhora, o Menino Jesus, os pastores, os Reis Magos, jumentos, vacas, o galo e a gambá.
Entre as diversas versões que justificam a presença da gambá no presépio valeparaibano, uma lenda diz que quando Nossa Senhora teve o Menino Jesus, de imediato não teve leite para amamentá-lo. A gambá, que também tinha parido por aqueles dias, veio, generosa, oferecer seu leite para a Divina Criança. O lado humano de Nossa Senhora, enojado, recusou a gentil oferta, mas, ao mesmo tempo, o seu lado divino quis recompensar a atitude de doação daquela criatura e abençoou a gambá, dando a ela um parto sem dor.
O figureiro Luis Paulo Ragazini conta que, D. Maria Piedade de Jesus, sua mãe, lhe dera a seguinte explicação: quando o Menino Jesus nasceu estava muito frio e escuro, Nossa Senhora já não sabia o que fazer para aquecer o singelo local do nascimento de seu Filho, a gambá teria vindo em auxílio e colocado fogo no próprio rabo para deixar o estábulo mais iluminado e aquecido, por isso, o rabo de nossos gambás são mais ‘despelados’.
Ainda de acordo com a lenda, por graça de Nossa Senhora, a gambá é um animal marsupial e seus filhotes saem do útero para completarem a gestação numa bolsa externa. Conta-se também que, antigamente, no Vale do Paraíba, quando uma mulher iria dar a luz, a parteira colocava sobre o ventre da parturiente uma pele de gambá para que ela não sofresse com as dores do parto.