Considerada uma das capitais tecnológicas do país, São José dos Campos está atrasada quando o assunto é sustentabilidade na construção civil. Ainda poucas empresas resolveram se engajar na “construção verde” e os projetos sustentáveis são minoria na cidade.
De 143 novos empreendimentos surgidos desde novembro do ano passado, apenas dois buscaram pré-certificação no Leed (Leadership in Energy and Environmental Design liderança em energia e design ambiental, na tradução livre). Trata-se de sistema de certificação e orientação ambiental de edificações criado nos Estados Unidos, sendo adotado em 130 países, incluindo o Brasil.
Em São José, apenas a nova sede da Associação de Engenheiros e Arquitetos e o Colinas Green Tower estão buscando a certificação. Para tanto, os empreendimentos precisam seguir sete critérios: eficiência energética, uso racional da água, materiais e recursos, qualidade ambiental interna, espaço sustentável, inovações e tecnologias e créditos regionais.
Eles se comprometem a seguir os critérios e, depois de prontos, serão avaliados, para só aí recebem o certificado. Para o engenheiro Marcos Casado, gerente técnico do Green Building Council Brasil, representante oficial do Leed no Brasil, falta informação aos empresários sobre os benefícios da construção sustentável.
“O custo adicional chega até a 7% dependendo do nível de certificação que o empreendimento busca. Mas o retorno é rápido com a economia operacional gerada”, diz ele, que aposta no futuro da sustentabilidade em São José. “Tenho certeza que rapidamente despontará como uma das cidades com mais projetos.”
Trazendo eventos, palestras e apoiando um curso de MBA na área de sustentabilidade, a Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba) quer mudar esse prisma. “Estamos em sintonia com o mundo. Mesmo não tendo certificados, os empreendimentos estão sendo construídos com sustentabilidade parcial, como reaproveitamento da água”, afirma Cleber Córdoba, presidente da Aconvap.
Para erguer uma torre de 25 andares de salas comerciais na área do Shopping Colinas, na região oeste de São José, o vice-presidente do Colinas, Emerson Marietto, investe pesado na sustentabilidade. Serão gastos R$ 81 milhões para erguer 32 mil metros quadrados de área construída, até abril de 2014, com garagem e torre, que se conectará ao shopping. Para conseguir o certificado Leed, o modelo de construção seguirá rígidos padrões para uso de materiais, reduzindo resíduos e impactos.
“O prédio será eficiente na gestão energética, água terá controle por sensores, vidros privilegiam a iluminação natural e retêm calor e até os elevadores são inteligentes”, conta Marietto. “Tudo isso agrega valor ao empreendimento e atrai grandes empresas.”
Marco Aurélio Vituzzo, gerente comercial da construtora M Vituzzo, olha para frente quando pensa em sustentabilidade. Cada morador dos 60 apartamentos do Aquarius Evolution, prédio de 20 andares que deve ser entregue em 2015, terá uma tomada na garagem para recarregar um carro elétrico, além de outros projetos verdes.
“Em 2020, cerca de 20% da frota será de carros elétricos, que rodam 180 km com R$ 5 em energia. O apelo sustentável é enorme”, explica. Além disso, a empresa usa uma máquina capaz de reciclar os resíduos da construção e diminuir a média de 20% de perdas nos materiais. “Sem ela, continuamos na média de perda da construção, que é de um prédio inteiro para cada cinco construídos.”
O Vale