São José dos Campos pode continuar carente de um Teatro Municipal nos próximos quatro anos. Pelo menos é esse o cenário que se desenha no que depender dos candidatos a prefeito da cidade. Líder nas pesquisas, Carlinhos Almeida (PT) promete estimular a produção cultural, criar bibliotecas descentralizadas e restaurar o Cine Teatro Benedito Alves, no centro. Quando o assunto é o Teatro Municipal, contudo, ele diz que retomará as obras, assim que possível.
Mesma opinião tem o candidato do PSDB, Alexandre Blanco. Ele garante que vai construir o novo teatro “no meu governo, nós vamos construir o Novo Teatro Municipal, o maior da região, para atrair grandes espetáculos para a cidade” mas isso não depende só dele.
Há quase cinco anos, a atual administração de São José começou a construir o novo Teatro Municipal. Aquele que seria um dos mais modernos centros culturais da região, porém, virou motivo de piada. Com os alicerces construídos de forma invertida, a porta de entrada do teatro, que seria voltada para dentro do Parque da Cidade, foi construída com frente para a Avenida Olivo Gomes.
Desde então, o terreno, que deveria abrigar um moderno espaço cultural com infraestrutura para receber grandes eventos, tornou-se um grande matagal. O erro na execução da obra virou caso de Justiça. Para investigar e apontar os responsáveis, que podem ter que ressarcir os cofres públicos em mais de R$ 600 mil, o Judiciário interditou o terreno onde o teatro começou a ser construído. Não há prazos para um desfecho.
Ator, diretor, pesquisador de teatro, cinema e televisão e professor na Unitau, João D’Olyveira afirma ser fundamental para a democratização da cultura a existência de um num grande centro cultural. “Ainda mais quando pensamos em São José, uma cidade que é referência no Vale do Paraíba, com potencial para ser uma cidade circuito, atrais pessoas de outros lugares.”
D’Olyveira explica que é preciso abolir a ideia de que a construção de espaços culturais é menos importante do que escolas, hospitais. “O espaço cultural é uma escola e acaba sendo um hospital com a função de curar a doença cultural. Precisamos abolir a imagem que é só um espaço de lazer”, disse.
O pesquisador explicou que os grandes centros culturais começaram a ser pensados na segunda metade do século passado na França e Inglaterra, para na década de 1980 surgir com muita força em São Paulo. “É um espaço onde você consegue fomentar políticas culturais. Onde você pode assistir e incentivar a produção. O centro tem esse poder e deve ter essa função. Dele, você estimula os vários saberes.”
O Vale