A América é joseense! O título da Libertadores é nosso! Sim, as meninas do futebol de São José dos Campos colocaram a cidade no mapa do futebol sul-americano um feito até antes inimaginável , já que a equipe masculina patina há anos na Série A-2 do Paulista.
E a história foi escrita por, desculpe o ufanismo, guerreiras comandadas pelo técnico Márcio de Oliveira. Elas despacharam a forte equipe do Santos na semifinal (aliás, as santistas ficaram em terceiro lugar ao massacrarem o Caracas por 6 a 0 na preliminar deste domingo). Para chegar à decisão, as joseenses ainda deixaram para trás equipes como o Boca Juniors, a LDU e o Formas Íntimas.
O lance capital da decisão contra as chilenas do Colo-Colo aconteceu logo aos 5min do segundo tempo. Francieli bateu escanteio pela direita no primeiro pau. A bola foi em direção da lateral-direita Poliana, que mergulhou com precisão, tirando qualquer chance de defesa da goleira Endler. O São José, as meninas da Águia, então comemoraram: 1 a 0 na final, na decisão do principal torneio de futebol das Américas.
A partida, no entanto, também teve pinceladas de drama. Primeiro pelo desgaste insano de disputar um jogo de futebol sob o escaldante sol do meio-dia. Depois porque, por volta dos 20 minutos da etapa final, a atacante Daniele Batista mostrou que ter personalidade pode arriscar a conquista de uma vida, o árduo trabalho de toda uma temporada.
Sem foco, fora de seu posicionamento e praticante andando em campo, ela foi avisada que seria substituída pela também atacante Fabiana Loirão. Simplesmente disse que não sairia. Seu ato levou o técnico Márcio de Oliveira à loucura, deixou a Águia com uma a menos (já que ela não rendia o que se esperava em campo) e a torcida na bronca.
Cada vez que Daniele tocava na bola, uma sonora vaia era ouvida no estádio Martins Pereira –fato que ocorreu até quando a atleta recebeu sua medalha de campeã. Em sua defesa, Daniele diz que queria sentir o gosto do título em campo.
“ Eu só queria ficar em campo até o final e ser campeã. Não me arrependo de nada”, disse logo após a partida. Ataques de egos à parte, o Colo-Colo valorizou e muito a conquista da Águia do Vale. As meninas chilenas jogaram sério até o final e, por diversas vezes, ameaçaram a meta da goleira Renatinha.
A Águia, por sua vez, soube conduzir a partida após marcar seu tento salvador, libertador. Destaque também para a torcida. Com portões abertos, cerca de 15 mil estiveram no Martins Pereira e fizeram uma grande festa em azul, amarelo e branco um espetáculo realmente bonito de se ver.
E, se no início do texto ressaltávamos que um título da Libertadores para uma equipe da cidade era inimaginável, a volante Michele conseguiu sintetizar esse sentimento. “Na verdade, não imaginava jamais disputar uma Libertadores. Agora, nossa equipe, com muito trabalho e determinação é campeã e conseguimos esse feito dentro de casa. Não tem tamanho para medir nossa felicidade”.
É isso aí. Parabéns, Michele. Parabéns meninas da Águia. Hoje, a América é joseense!
O Vale