Alianças com ex-adversários causam racha no PT de São José

A política de alianças adotada pelo governo Carlinhos Almeida será um dos temas centrais do processo eleitoral que vai definir a nova direção do PT em São José dos Campos. Dois candidatos concorrem ao comando da legenda: o atual presidente, Giba Ribeiro, ‘patrocinado’ pelo prefeito, e o advogado e ex-sindicalista Armando Pereira da Silva, o Cebola, que tem o apoio de correntes minoritárias do diretório. A eleição está marcada para o dia 10 de novembro. A chapa de oposição contesta os rumos que a sigla tem tomado na cidade, em especial as recentes composições com inimigos históricos do PT –para garantir apoio político na Câmara, Carlinhos abriu espaço no governo para partidos como DEM, PPS e PP.

“A governabilidade é importante, os acordos políticos são importantes, mas você não pode perder a sua identidade por isso”, afirmou Cebola. “A militância está muito sentida com tudo isso. Há um constrangimento.” O prefeito tentou, sem sucesso, construir um consenso dentro do PT para evitar a disputa interna. Teme que o processo deixe sequelas no partido às vésperas de um ano eleitoral em 2014, Carlinhos lançará a candidatura da mulher, a vereadora Amélia Naomi, à Câmara dos Deputados.

“Temos uma divergência profunda com a outra chapa. PPS, DEM e PSDB fazem oposição ao PT, e não podemos concordar que o partido se alie a eles”, disse Cebola. “O PPS, falando o que vem falando do PT, tem o Miranda Ueb ocupando um cargo importantíssimo para o meio sindical, que é a Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho. Temos também o Santos Neves [suplente de vereador pelo DEM], que renunciou ao mandato de vereador para não ser cassado, e o Zé Luís [José Luís Nunes, secretário de Defesa do Cidadão, também do DEM], que foi vice do PSDB”, completou.

O candidato de oposição entende que as alianças com grupos que sempre estiveram ligados ao PSDB na cidade “podem custar caro” ao PT. “São tantas pessoas no governo ligadas ao PSDB que muitos moradores dizem que não mudou nada com o novo governo. Só a cor”, disse. “Se a população não consegue reconhecer diferenças entre o atual governo e o anterior, ela poderá não ver motivos para manter o PT. Membro da chapa que apoia Cebola, o sindicalista Gino Genaro, dirigente do SindCT (Sindicato dos Servidores Federais da Área de Ciência e Tecnologia), acredita que o partido tem se distanciado das suas origens.

“As instâncias não se reúnem, o partido tem se afastado das lutas”, afirmou. “Nessas recentes manifestações que aconteceram, muita gente do PT não sabia ao certo o que fazer. E era um movimento de massa, exatamente de onde o partido surgiu. Precisamos resgatar isso.” Cebola vai na mesma linha. “Defendemos o governo, nós o elegemos, mas isso não quer dizer que precisamos concordar com tudo o que for feito por ele. Queremos resgatar a identidade e a liberdade do PT. Partido não é governo.” O presidente Giba Ribeiro afirma que o processo eleitoral do PT é democrático e que o registro de uma chapa concorrente não representa, necessariamente, uma cisão no partido. Ele entende, porém, que “é momento de fortalecer a unidade do partido”. “Temos pela frente um processo importante que requer inteligência, unidade. Nosso adversário não está dentro do PT. Está fora”, afirmou.

O dirigente também minimizou as críticas feitas pela chapa de oposição às recentes alianças do partido.  “Existe uma certa autonomia considerando o quadro, a conjuntura local. Agora, devemos discutir isso no fórum apropriado. Passada a eleição, teremos grandes desafios pela frente”, disse Giba. Responsável pela articulação política do prefeito Carlinhos Almeida, o secretário de Governo Marcos Aurélio dos Santos minimizou as divergências internas do PT. “Procuramos construir um consenso, mas esse sempre foi um processo bastante democrático. Qualquer grupo tem o direito de querer marcar posição, de que querer fazer a disputa. Isso não significa que o partido esteja rachado”, disse.

Ele ressaltou que a chapa apoiada pelo governo tem a adesão das principais correntes do partido. “Houve uma grande união de tendências que sempre montaram chapas, entendendo que era importante para o partido, neste momento, demonstrar unidade. Houve esse consenso, exceto por essa chapa que está saindo”, completou. Marcos Aurélio evitou comentar as críticas às alianças do governo, sustentando que a prefeitura “não deve ser o centro do debate”. “A crítica, às vezes, ajuda a construir. Agora, ela tem que ter razão, fundamento”, disse. “Agora, esse debate se dará internamente.”

A eleição do dia 10 de novembro vai acontecer simultaneamente nos diretórios do PT espalhados por todo o país e também envolverá a escolha de novos dirigentes estaduais e nacionais. Podem participar do PED (Processo de Eleições Diretas) os filiados há mais de um ano que estejam em dia com suas obrigações financeiras junto ao partido.

Ponte com erosão na cidade deixa moradores com medo

Três pontes de São José apresentam sinais de erosão e os moradores dos bairros vizinhos temem que possam acontecer acidentes, como o desmoronamento na ponte da Avenida Guadalupe, na zona sul, que levou à interdição da estrutura por tempo indeterminado.

Da Avenida Mário Covas, também na zona sul, é possível ver que parte do barranco sob o viaduto Frei Galvão, no Jardim Satélite, cedeu. O buraco de cerca de três metros de profundidade e dois de largura deixa alerta quem passa sob a via. “Este buraco está assim há quase dois meses. Acredito que a água da chuva tenha infiltrado no solo, o que causou o desmoronamento”, afirmou a babá Rosely Toledo, 40 anos. O contador Marcos Aurélio Canavezzi, 40 anos, tem evitado passar sob a via. “Não sei o quanto pode ser perigoso. Como receio que algo aconteça, evito passar ali”.

O córrego Senhorinha tem sido o grande vilão para as pontes da zona sul. O trecho da Avenida Maurício Cardoso (Jardim Oriente) que passa sobre o rio, à primeira vista não apresenta problemas. No entanto, ao longo do curso d’água é possível perceber que um trecho de terra desceu rio abaixo.

“Passo todos os dias pela via e reparei que já há um buraco na parede de terra, lateral ao córrego. É assim que começa. Tenho receio de que ocorram desmoronamentos naquela área”, disse Canavezzi. A ponte da Rua Shigemasa Ota, no Jardim Terras do Sul, que já havia apresentado problemas no ano passado com desmoronamento da parede lateral do córrego e parte da calçada, também deu novos sinais de erosão. Uma faixa de grama e terra rente à estrutura da ponte escorregou com chuvas, criando buraco de cerca de um metro de profundidade.

Segundo Soraya de Paula Rosário, secretária de Obras, está sendo montada equipe para vistoriar pontes de São José. “A Defesa Civil fará levantamento de possíveis rachaduras e problemas em pontes e viadutos. Pretendemos atender os pontos críticos para evitar novos acidentes.”

Segundo a prefeitura, será feita nova vistoria na entrada e na saída da ponte da Avenida Guadalupe, que segue interditada após desmoronamento do último dia 22. A Sabesp já colocou novos dutos, o que evitará faltas d’água em caso de rompimento da estrutura da ponte. Previsões de custos e prazos para o término da obra serão determinadas até o final da semana.

O Vale

Publicado em: 02/04/2013