Força de vontade, dedicação e esperança. Essas foram as atitudes de educadores que transformaram para melhor a escola municipal Professora Rosa Tomita, de São José dos Campos. Quando foi criada, em 2004, a escola foi considerada a pior da cidade. Sua nota no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) foi a mais baixa entre todas as escolas de São José.
Hoje, o nível de aprendizagem passou de 3,9 em 2005 para 6,2 em 2011 entre os alunos do 5º ano. E de 2,7 para 4,9 dos alunos do 9º ano. As duas notas ficaram acima das metas do MEC. O começo foi complicado. A escola foi criada para ser a instituição de ensino do bairro Jardim São José 2, que havia sido criado no mesmo ano na região leste. O bairro foi fruto de um processo de desfavelização.
Moradores de três favelas Caparaó, Nova Tatetuba e Detroit foram transferidos para 453 casas populares do novo conjunto habitacional. No começo, a população enfrentou dificuldades, inclusive de falta de opções de renda. Mas os principais problemas eram a violência e as drogas. Grupos disputavam a liderança do tráfico. A situação de vulnerabilidade social se refletiu na escola. Os alunos tinham dificuldade na aprendizagem de leitura, escrita e cálculo.
A encarregada de mudar a situação foi Siberia Regina de Carvalho, designada como orientadora pedagógica. Uma mulher que tinha muito em comum com as crianças que iria ensinar. Nascida em família pobre, ela aprendeu a escrever no chão por falta de cadernos. Hoje, possui dois mestrados e um doutorado. “A pobreza não é desculpa para não aprender. É possível acreditar”, disse.
Um projeto implementado em 2005 começou a transformar a escola e o bairro. A escola investiu na leitura, nos educadores, nas atividades extra-curriculares e principalmente na aproximação de pais e alunos com os professores.
Para conseguir por em prática o projeto, foram feitas parcerias com as secretarias de Esporte, Desenvolvimento Social, Habitação e Saúde e com a Fundhas (Fundação Hélio Augusto de Souza) a escola promoveu ações educativas complementares. Com isso a instituição se tornou de tempo integral.“O projeto contribui para melhorar o comportamento dos alunos e isso tem refletido na melhora da educação”, disse o diretor da escola Valdir Cassiano Pereira. Há cinco anos ele dirige o Rosa Tomita, que hoje conta com cerca de 630 alunos do 1º ao 9º ano.
A escola também melhorou a situação do bairro. Ela é aberta aos finais de semana para a comunidade com atividades esportivas e culturais. A dona de casa Yolanda Ferreira da Silva, 42 anos, mora no bairro e tem dois filhos estudando na escola. “A escola ajuda muito. Tudo que precisa, ela está por perto. A escola em período integral é a melhor coisa. As crianças ficam com a cabeça ocupada”.
A manicure Arli de Oliveira, 37 anos, considera a escola muito importante para o filho dela e para todos os outros estudantes. “Eu percebi que as crianças estão mais calmas. Como estão sempre ocupados, não vão fazer coisa errada”, afirmou Arli. “Meu sonho é que meu filho entre para uma faculdade”, afirmou.
O Vale