A Novaer Craft, que integra a cadeia produtiva da Embraer, vai deixar São José para fazer aviões em Santa Catarina, onde devem ser gerados 1.900 empregos diretos e indiretos. O investimento será de R$ 80 milhões em uma fábrica em Lages, na área serrana, e um centro de desenvolvimento de projetos na capital, Florianópolis.
A meta será produzir o T-Xc, avião pequeno que terá duas versões transporte civil com quatro lugares e outra militar, de dois lugares, para treinamento de pilotos. Segundo o presidente da Novaer, Graciliano Campos, os primeiros aviões sairão da linha de produção no início de 2015. Até lá, a empresa deixará São José.
“O compromisso com o governo catarinense é de levar todo o desenvolvimento para lá”, disse Campos, que espera gerar 400 empregos diretos e 1.500 indiretos para fabricar 120 aviões por ano. Sediada no Parque Tecnológico da Univap, a Novaer emprega 100 pessoas na cidade, que trabalham com desenvolvimento de projetos aeronáuticos, entre eles a fabricação de peças para o trem de pouso do Tucano, avião de treinamento da Embraer.
A saída da Novaer revela uma ‘guerra’ entre cidades e Estados para atrair investimentos nas áreas aeroespacial e de defesa, cujo principal polo do país está em São José. Em outubro do ano passado, São Bernardo do Campo anunciou a criação de um polo no setor, que receberá US$ 150 milhões para sediar uma fábrica de estruturas aeronáuticas criada a partir de parceria entre o grupo sueco Saab e a Akaer, de São José.
Na manhã de ontem, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), e o presidente da Novaer assinaram um protocolo de intenções para formalizar a parceria. Também participou o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp.
O acordo prevê que a empresa estatal SC Participações e Parcerias seja sócia do empreendimento, com aporte de R$ 15 milhões. “A ideia é que a instalação da empresa seja uma espécie de âncora para o início de um polo tecnológico aeroespacial em Santa Catarina”, afirmou Paulo César da Costa, secretário estadual de Assuntos Estratégicos.
Segundo Campos, a fábrica da Novaer será construída em Santa Catarina porque o governo estadual “deu apoio e todas as condições para a fabricação do avião”. Entre as vantagens, está o uso de dois aeroportos para voos de teste. “Vamos aliar a capacidade produtiva da serra com a inovação de Florianópolis e de seu capital humano no desenvolvimento de projetos e de tecnologia de ponta”, disse Colombo.
Para o vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), em São José, Ney Pasqualini, que também é empresário do setor aeronáutico, a saída da Novaer revela as dificuldades que as empresas do setor enfrentam em São José, considerada o principal polo aeroespacial do país. “Vão desde a falta de incentivos até a atuação sindical. É uma tendência buscar vantagens fora daqui.” Um dos entraves à instalação de novas empresas do setor na cidade é a falta de pista de testes. A prefeitura, por meio do Cecompi, minimizou o impacto da saída da empresa.
‘Setor se mantém forte’, diz Cecompi Gerente executivo do Cecompi (Centro para Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), Agliberto Chagas disse que a saída da Novaer Craft de São José não é preocupante. Para ele, o setor aeroespacial na cidade, que reúne 120 empresas, continuará forte e em expansão. “Temos uma estrutura muito boa e vamos melhorar”, afirmou Chagas.
O Vale