Um ano após o início da construção da Arena Municipal de Esportes, principal obra do governo do prefeito Eduardo Cury (PSDB) em São José dos Campos, a administração ainda não tem o projeto do complexo totalmente pronto.
O VALE apurou que a Construtora Montebelense, de São Luís de Montes Belos (GO), contratada em março de 2010 para fazer o projeto executivo da Arena, por R$ 269 mil, ainda está entregando revisões das plantas o projeto da rede elétrica do ginásio, por exemplo, foi concluído somente na semana passada.
Até agora, de acordo com as planilhas de pagamento da prefeitura, a construtora recebeu R$ 154 mil pelo serviço, o que representa 57% do valor serviço contratado. O projeto executivo é usado obrigatoriamente como referência para a licitação da obra, detalhando arquitetura, redes hidráulica e elétrica, climatiza-ção, acústica e a estrutura no empreendimento.
Fernando Severino, um dos sócios da Construtora Montebelense, confirmou que a empresa está “fazendo revisões a pedido da prefeitura”. A secretária de Obras de São José, Flávia Pitombo, negou que o projeto executivo esteja sendo substancialmente modificado após a licitação da obra. Orçada em R$ 33 milhões, a Arena começou a ser construída em agosto de 2011, com prazo de entrega de um ano.
A empreiteira Recoma, responsável pela obra, conseguiu postergar a entrega para 31 de outubro, em razão de problemas com o terreno e chuvas, mas já antecipou que não vai conseguir cumprir o novo cronograma. Com isso, o complexo pode ficar ainda mais caro e não ser entregue neste ano.
No final de agosto, a Recoma foi multada em R$ 330 mil pela prefeitura por ter concluído apenas 24% da obra, quando deveria ter entregue 40%. Ela pode recorrer. Considerando serviços complementares de R$ 2,8 milhões feitos pela Urbam (Urbanizadora Municipal S/A) no terreno, o custo total da Arena já chega a R$ 36 milhões.
Na avaliação de arquitetos e engenheiros, a falta de um projeto executivo pronto e acabado vai elevar o custo e provocar mais atrasos. Presidente da AEA (Associação de Engenheiros e Arquitetos) de São José, Carlos Vilhena culpou a “falta de gestão” e a “interferência política” como os dois grandes problemas em obras públicas da cidade. “As escolhas da prefeitura têm que ser analisadas.”
Para ele, a falta do projeto executivo completo prejudica o trabalho dos construtores. “As obras ficam bem mais caras e as empreiteiras acabam tendo que pedir mais prazo e dinheiro para terminar”, afirmou Vilhena. O arquiteto Flávio Mourão disse que pequenas revisões são normais, mas a falta de um projeto executivo detalhado pode ser um indício de problemas mais graves. “A obra começa a ficar sob suspeita.”
O Vale