A General Motors confirmou ontem a demissão de 598 trabalhadores do complexo industrial da empresa em São José dos Campos. O grupo estava afastado do trabalho desde agosto de 2012. Agora, o Sindicato dos Metalúrgicos e a prefeitura vão buscar alternativas para a recolocação dos demitidos que estavam em regime de lay-off (contrato de trabalho suspenso) no mercado de trabalho.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, disse que a entidade iniciou o cadastramento dos interessados em disputar uma vaga na montadora chinesa Chery, que vai contratar para a sua fábrica em fase de construção em Jacareí.
“A Chery já demonstrou interesse em contratar demitidos da GM, porque é mão de obra especializada”, afirmou o sindicalista. Segundo ele, a montadora chinesa pode recrutar funileiros, eletricistas, mecânicos, entre outros.
Macapá relatou que o sindicato planeja procurar outras montadoras da região e até de outros Estados em busca de vagas para os demitidos da GM.
“A gente tentou manter os empregos até onde foi possível. Havia alternativas, mas a empresa insistiu na sua decisão”, afirmou. O secretário municipal de Relações do Trabalho, José Luís Nunes, informou que serão colocados à disposição dos demitidos os programas de requalificação de mão de obra oferecidos pela administração municipal.
Nunes disse que os trabalhadores poderão se cadastrar no PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) em busca de recolocação. “Vamos ainda buscar alternativas para a recolocação do pessoal junto aos RHs das empresas que temos contato”, afirmou.
No momento, ele descartou outras possibilidades de auxílio, como doação de cesta básica. “O serviço social da prefeitura está atento e vai acompanhar o caso, mas não está prevista doação de cesta básica”, afirmou Nunes. Segundo o sindicato, além das verbas rescisórias, os demitidos terão direito a receber três salários a mais como indenização pela dispensa.
O presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial), Felipe Cury, disse que o desfecho do episódio mostra “que houve intransigência de ambas as partes”. “Quando existe celeuma entre duas entidades e ambas se comportam mal, o prejuízo, o grande prejudicado é a cidade”, afirmou Cury.
Ele disse que o sindicato foi intransigente no passado ao negociar com a GM novos acordos para permitir investimentos na planta de São José, mas a GM também não demonstrou interesse em “convencer o sindicato e nem procurou ajuda da comunidade para isso”, afirmou Felipe Cury. “Há um ano a GM ameaça demitir. Isso gerou um pânico entre os familiares dos funcionários da empresa e impactou o comércio. Quem se sente ameaçado, não consome”.
O Sindicato dos Metalúrgicos informou que a GM teria convocado 151 trabalhadores que estavam afastados desde agosto do ano passado para voltarem ao trabalho, a partir de hoje. Esses operários formam o grupo de funcionários que têm estabilidade, principalmente por motivos de saúde.
No entanto, a direção do sindicato informa que o número de trabalhadores nessa condição é maior e pode chegar a 300 pessoas. “Encaminhamos hoje (ontem) uma listagem com as pessoas que têm direito à estabilidade. Vamos esperar a empresa analisar o caso”, disse o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros. A GM não se pronunciou sobre o assunto. Na nota que divulgou ontem, a montadora informa apenas o número de funcionários demitidos.
O Vale
Publicado em: 27/03/2013