O centro tradicional de São José dos Campos possui valores simbólicos e da origem da cidade, mas não representa mais a São José dos dias atuais. Ao mesmo tempo, a comunidade aponta que a região é importante e deseja que o centro volte a pulsar novamente, mas em sintonia com as transformações cotidianas da cidade.
Essas são algumas das conclusões da pesquisa qualitativa realizada pelo Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento) para saber qual a percepção e a imagem que população tem sobre o centro e o que ela deseja para a região. A pesquisa, realizada em janeiro, revela que a comunidade quer voltar a ocupar espaços na região, mas não se sente à vontade pela degradação do local.
Outra conclusão considerada importante pelo Ipplan é que a população não quer uma ruptura com o centro, mas o seu resgate. Entre as queixas estão a falta de opções de lazer e o abandono do centro após as 18h, quando o comércio encerra as atividades.
Realizada em janeiro, a pesquisa reuniu oito grupos com dez moradores cada para debater a proposta. Foram selecionados aleatoriamente pessoas de todas as classes sociais, faixa etária, frequentadores e não frequentadores do centro. Todos os participantes residem em São José há pelo menos cinco anos.
Para a diretora do Ipplan, Cynthia Gonçalo, o resultado da sondagem qualitativa mostra que a população quer que o centro de São José seja resgatado e volte a ocupar lugar de destaque no cenário municipal. “Entendemos que a comunidade considera o centro muito importante, guarda a história da cidade, mas precisa ser resgatado”, afirmou.
Ela avalia que o trabalho será essencial para o plano de revitalização da área elaborado pelo Ipplan em parceria com a prefeitura. O arquiteto e urbanista Flávio Mourão considera fundamental a elaboração de um plano diretor específico para centro, como medida para a revitalização da região.
Ele avalia que o centro está esvaziado político e economicamente. “O poder político saiu do centro e nem mesmo o comércio tradicional é o mesmo. O centro perdeu a sua importância”, afirmou Mourão. Ele avalia que o processo de esvaziamento da região foi acelerado com a transferência da Câmara da praça Afonso Pena para a avenida Teotônio Vilela, ao lado da prefeitura.
“Para o centro recuperar a sua importância no cenário da cidade, é preciso elaborar um plano diretor específico para região que contemple incentivos à moradia, ao transporte de massa, entre outros quesitos urbanísticos. É preciso debater com a sociedade”, afirmou o arquiteto.
Para ele, intervenções pontuais não irão recuperar o centro. “Não adianta fazer isso. É preciso um plano geral para toda a região.” Ele considera importante ações para revitalizar a área, como o projeto Centro Vivo, mas critica a forma como o plano é executado. “Um plano tem que nascer de amplos debates com a comunidade e não de reuniões fechadas.”
Para o presidente da AEA (Associação de Engenheiros e Arquitetos), Carlos Vilhena Paiva, o centro perdeu e não vai mais recuperar suas características do passado. “É precisa ser renovado, ter novos atrativos para que a população volte a frequenta-lo”.
Ele considera importante remodelar o sistema de transporte na região. “O transporte de massa passa ao largo do centro. É preciso repensar”. Ele considera importante o trabalho do Ipplan sobre o centro e disse que a AEA vai colaborar com o instituto.
O Vale