A TV Câmara de São José dos Campos começa a ser transmitida hoje pelo canal a cabo da operadora NET, nos canais 29 (analógico) e 16 (digital). Antes disso, o conteúdo da TV só estava disponível pela internet, no site da Câmara, serviço que será mantido. De início, segundo a direção da TV Câmara, serão ocupadas duas horas diárias de programação, na faixa entre 17h30 e 19h30. A meta é chegar a 12 horas diárias, mas isso depende da contratação de funcionários, câmeras e ilhas de edição. Não há previsão para as aquisições. As sessões legislativas de terça e quinta-feira serão transmitidas ao vivo, além de entrevistas e programas gravados pela equipe da TV, composta por oito profissionais, sendo sete deles de cargos de confiança.
O custo para comprar os equipamentos para a TV Câmara foi de R$ 2 milhões. A TV conta com três câmeras robóticas instaladas no plenário da Câmara, que podem ser controladas por um único operador, e quatro câmeras móveis. A equipe conta ainda com quatro ilhas de edição e um aparato técnico de transmissão capaz de suportar 24 horas de programação. Segundo José Augusto Machado, diretor da TV Câmara de São José, a transmissão começa hoje no canal a cabo ainda em caráter experimental, dado o ineditismo da operação. “Os equipamentos estão sendo ajustados e alguma coisa pode não dar certo”, afirmou ele. “Mas tudo será corrigido se houver qualquer problema”.
A pretensão da TV Câmara é de abrir o sinal em um canal na TV aberta, que depende de uma concessão do governo federal. O pedido está em estudo pelo Ministério das Comunicações. Além de produções sobre a Câmara e a cidade de São José, a programação da TV oficial contará com programas de parceiros, como empresas, instituições públicas e privadas, entre elas o TRT (Tribunal Regional do Trabalho), o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a Embraer. “Iremos colocar São José na TV. O canal terá a pluralidade da Câmara e democratizará o acesso ao Legislativo”, afirmou a vereadora Amélia Naomi (PT), presidente da Casa.
A vereadora Dulce Rita (PSDB) pediu mais clareza na prestação de contas da TV Câmara. Para ela, que considera o canal um avanço positivo para o Legislativo, os gastos do canal “não estão muito bem esclarecidos”. “É importante a população saber o que acontece no Legislativo, mas é tão importante saber também quanto se gastou para essa divulgação na TV”, afirmou ela. Dulce disse que a bancada tucana deve se reunir na próxima semana para definir uma estratégia de questionamento sobre os gastos da TV.
“Vamos definir como acompanhar esses gastos e pedir esclarecimentos sobre eles. Não pode ficar sem detalhes.” O cientista político Maurício Cardoso, professor da Unitau (Universidade de Taubaté), disse que a ideia de levar o Legislativo para um canal de TV é “louvável”, desde que se respeite o princípio da democracia e da pluralidade. “A TV é hoje uma mídia acessível aos cidadãos. Do ponto de vista da comunicação, é louvável a criação da TV Câmara”, afirmou. Para Cardoso, a qualidade da TV Câmara de São José dependerá da postura da equipe que comandará a TV.
“Não pode politizar. Tem que ser democrático e plural”, afirmou Cardoso. Segundo o cientista político, o risco de politizar o espaço da TV Câmara levaria ao descrédito do canal, que seria ligado ao partido majoritário ou à corrente política dominante na Câmara. “Não se deve cair no erro de tornar o canal um palanque para divulgação de ideias de alguns políticos e partidos. O canal tem que ser de e para todos os vereadores.”