Os trabalhadores da General Motors aprovaram ontem por unanimidade acordo que garantiu por mais dois meses, até 26 de janeiro, o emprego de quase 2.000 funcionários considerados excedentes pela montadora no complexo de São José.
O acordo foi acertado entre empresa e sindicato da categoria na última quinta-feira, mas precisava de aval dos empregados. Inicialmente, o prazo para negociação terminaria em 30 de novembro. Com isso, o sindicato ganha mais tempo para negociar uma alternativa às demissões.
Além disso, o sindicato planeja uma série de mobilizações para chamar a atenção do poder público. Hoje, 150 pessoas, entre funcionários da GM e sindicalistas, vão participar de uma audiência pública no Senado, em Brasília.
Eles saíram ontem de São José em três ônibus e devem retornar ainda hoje. “Vamos cobrar a proibição de demissões em empresas que importam”, disse o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o ‘Macapá’. A montadora, que não comenta o assunto desde agosto, quando fechou acordo para evitar temporariamente a demissão em massa, quer o fim da produção do Classic, único modelo ainda feito no MVA, que já havia perdido Corsa, Meriva e Zafira no meio do ano.
Após o acordo, GM e sindicato iniciaram negociação para tentar uma solução. A empresa apresentou uma pauta com 18 ítens ao sindicato. Caso a categoria aceite, a planta de São José pode ser candidata a receber novos investimentos. Amanhã, ocorre a primeira reunião da nova fase de negociações.
Os metalúrgicos também preparam uma manifestação no Congresso. Eles vão montar dois carros de papelão em tamanho real. Um é o Classic com a bandeira da Argentina. O carro é produzido em São José mas está previsto para ser feito no país vizinho. O sindicato quer manter a produção na cidade.
O outro carro é o Sonic com a bandeira da Coreia do Sul. Ele é produzido no país asiático e os metalúrgicos querem que a produção seja transferida para São José. Na próxima semana, o sindicato participa de uma audiência pública na Assembleia Legislativa.
O sindicato também tenta uma reunião com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com o futuro prefeito de São José, Carlinhos Almeida (PT). Carlinhos informou ontem que acompanha de perto as negociações e que vai ouvir as duas partes para tentar ajudar na solução do impasse. Também está prevista manifestação no Salão do Automóvel, em São Paulo no fim do mês.
Dos 1.840 funcionários inicialmente considerados excedentes, 232 já saíram pelo PDV (Programa de Demissão Voluntária). Dos afastados, 824 permanecem em layoff.
O Vale
Publicado em: 16/10/2012