Por 20 anos, o taxista Joaquim Ferreira, 51 anos, de São José dos Campos, trabalhou registrado como motorista. Atuou com veículos fretados e ônibus circulares até deixar a profissão há três meses, em busca de mais flexibilidade de horário. Em sua nova atividade, não exerce função com registro na carteira de trabalho. Deixou para trás a vida de férias remuneradas, 13º salário e FGTS para se tornar autônomo. Mas garante que não se arrepende.
“O salário é equivalente. A vantagem é que você faz o horário que quiser”, disse. Além do taxista, mais de 44 mil pessoas atuam em São José sem registro na carteira de trabalho, o equivalente a 18% do total de trabalhadores da cidade. Em Taubaté, são mais de 17 mil profissionais informais, 17% do total, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O índice de informalidade em São José é superior ao de outras cidades de mesmo porte, como Ribeirão Preto (16%) e Sorocaba (17%), e de polos industriais do Estado, como Campinas (14%). Para o presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José, Felipe Cury, o total de trabalhadores na informalidade é alto. Ele culpa os encargos trabalhistas que encarecem a contratação dos profissionais.
“É um número alto, não deveria ser assim. O problema é que o volume de encargos e impostos trabalhistas também é muito alto, muito penoso para o empresário, mais do que em qualquer outro país no mundo”, disse o dirigente. Já o secretário de Desenvolvimento Econômico de Taubaté, Marino Lucci, considerou o número de informais na cidade normal. “Até 20% é um número normal, pois há muita gente que trabalha como temporário.
Em algumas atividades, como domésticas e pedreiros, alguns profissionais acham vantajoso não ter carteira assinada”, disse Lucci. É o caso do ambulante Djalma Moreira da Silva, 53 anos, que há 27 anos vende sorvete percorrendo bairros de São José. Silva disse preferir continuar sem registro.
“Já trabalhei na prefeitura, em cerâmica, em empresa de limpeza, mas prefiro continuar do jeito que estou. Poderia ganhar muito mais, mas não me apego aos bens materiais”, afirmou o ambulante. Já o autônomo Sidnei Santos, 18 anos, vive a expectativa de ser registrado na empresa que atua entregando panfletos em residências de São José. “Entrei há pouco tempo, mas quero ser registrado. Esse é meu primeiro emprego.”
A renda do informal não conta na massa salarial, um dos principais itens que define o PIB (Produto Interno Bruto) de um município, ou seja, toda a soma da sua riqueza.
O Vale