Pelo menos três vez por semana, o ex-pedreiro José Aparecido dos Santos, 57 anos, sai de sua casa na Vila Maria, na região central de São José dos Campos, para tentar ganhar alguns trocados em uma nova ‘feira do rolo’ na cidade. Na última quarta-feira, às 14h30, ele tentava negociar três relógios, quatro baterias de celulares, dois carregadores e até uma bateria de carro em meio outras 25 pessoas na orla do Banhado. O comércio informal de produtos usados tem sido alvo de fiscalização da Secretaria da Defesa do Cidadão.
Para Santos, qualquer negócio ali feito é vantajoso por se tratarem de produtos velhos, usados e, em alguns casos, até com defeito. Um relógio, por exemplo, custa em torno de R$ 5. “A gente tem que correr atrás todos os dias para conseguir dinheiro para poder pagar as contas. O clima é legal entre todos nós aqui. É bom também para passar o tempo”, disse Santos. Entre os produtos postos à venda estão celulares (que lideram a lista), peças para computadores, diversos tipos e modelos de carregadores de celulares, relógios falsificados, peças de carros como bateria, caixa de som, entre outros.
Nem todos os produtos têm preço, pois boa parte dos ‘roleiros’ gosta mesmo é de troca-los por outros objetos vendáveis durante todo o dia. Desconfiando com a presença da reportagem de O VALE, o auxiliar de limpeza Carlos Augusto, 63 anos, disse que conseguiu uma ‘rara negociação’ com a compra de um relógio antigo. “Ele estava quebrado e sem bateria, mas gostei porque tinha cara de ‘velho’ e acabei trocando por um celular que tinha ganhado da minha vizinha”, disse.
Objeto de polêmica, feiras deste tipo em São José sempre estiveram no gosto da população. Na década de 80, a ‘Feira do Rolo’ acontecia na rua do prefeitura, na Vila Santa Luzia, na região central da cidade. O local reunia aos finais de semana mais de 1.000 pessoas e atraia visitantes de diversas cidades da região. A feira também já funcionou próxima ao estádio Martins Pereira. Hoje, ela tem o nome de Feira da Barganha e acontece na rua Itororó, no bairro Jardim Paulista, ao lado da Rodoviária Nova.
Lá, cerca de 60 comerciantes montam suas barracas para fazer troca e venda de produtos usados e novos, todos os domingos, das 7h às 13h. Ela também tem uma área de alimentação, onde comerciantes vendem pastel e caldo de cana. A Feira da Barganha é fiscalizada e gerenciada pela Divisão de Abastecimento da Secret]aria Especial de Defesa do Cidadão de São José. O secretário de Defesa do Cidadão, José Luís Nunes, disse por meio de sua assessoria de imprensa que as equipes de fiscalização têm atuado para coibir a ‘feira do rolo’ na Orla do Banhado, com vistorias frequentes no local.
Segundo a nota, a última ação ocorreu no feriado do Dia da Independência, quando foram apreendidos perfumes, carregadores de celular, chaveiros, relógios, roupas velhas e uma caixa de ferramentas de seis pessoas. “Alguns conseguiram evadir do local quando perceberam a presença dos fiscais. A secretaria intensificará ações de fiscalização com o apoio da Guarda Civil Municipal, de maneira a coibir este comércio.” O secretário informou ainda que a legislação municipal não permite esse tipo de feira na Orla do Banhado