Tudo começou em 2007 na Dinamarca, onde Guilherme e Vera Holtz foram passar o Natal. Lá conheceram a versão do ator, diretor e amigo dinamarquês. “O Morten já tinha montado a peça e me deu pra ler a adaptação. Eu já gostava do livro e fiquei encantado com a possibilidade de levar O Estrangeiro aos palcos”, conta Guilherme.
O processo levou dois anos de maturação com leituras dramatizadas para amigos e público. Guilherme realizou uma primeira leitura, com direção de Vera Holtz, na Casa da Gávea. Em Brasília, fez uma leitura dramatizada com
encenação dos Irmãos Guimarães, no teatro da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Na seqüencia, realizou uma leitura pública na Oficina da Palavra – Casa Mário de Andrade, em São Paulo. Também realizou alguns encontros de processo criativo com a amiga e diretora Monique Gardenberg, o filósofo Fernando Muniz e o jornalista e crítico literário Manoel da Costa Pinto. “É como se eu tivesse feito alguns workshops pelo Brasil até chegar o ponto de estrear mesmo, como uma fruta que amadurece, então chamei a Vera para me ajudar na direção, já que ela estava presente no ponto inicial da história”, explica Leme.
Mesmo com muitos compromissos na tv, Vera Holtz aceitou o desafio de dirigir o amigo. “Aceitei dirigir o Guilherme porque somos amigos há 20 anos e existe uma cumplicidade muito grande entre nós. Já trabalhamos juntos na tv e no palco, mas agora posso exercer um outro olhar, ver o Guilherme de fora”, explica. “Não tenho a pretensão de ser uma diretora, que considero quase uma entidade. Disse ao Guilherme que ele cuida da parte da encenação e eu dirijo o ator porque gosto muito da interpretação”, explica Vera, que está gostando do que ela chama de “exercício teatral”.
Outro desafiado nesta história é o consagrado iluminador Maneco Quinderé. Guilherme explica: “O Sol é fundamental no livro do Camus, o Sol é na verdade um personagem da história e eu queria contracenar com o Sol na peça. Cheguei pro Maneco e falei. Você não vai iluminar, você vai atuar comigo em O Estrangeiro. E o Maneco também aceitou sua primeira participação como “iluminador/ator”.
SINOPSE
Meursault, o personagem de O Estrangeiro, leva uma vida banal; recebe a notícia da morte da mãe, comete um crime, é preso, julgado, tudo gratuitamente, sem sentido, sendo assim mais um homem arrastado pela correnteza da vida e da História. Seu drama pode ser lido como o drama de qualquer pessoa do seu século, que se depara com o Absurdo, ponto central da obra de Camus.
Na trama, Meursault não encontra explicação nem consolo para o que acontece em sua trajetória, tudo acontece à sua revelia e nada faz o menor sentido. Ele não acha explicação na fé, religião ou ideologia, não tem onde se amparar. O que pode ser visto como uma vantagem: esse homem é livre, pode se fazer a si mesmo, sua vida está em aberto. Ele se depara, e se angustia, diante da Liberdade e do Absurdo, e quando descobre que essas duas condições são intrínsecas, finalmente encontra a paz. “Além de ser uma narrativa seca das desventuras de Meursault, condenado à morte por matar um árabe, é também uma autobiografia de todo mundo, do homem contemporâneo”, conclui Guilherme Leme.
TRAJETÓRIA DO ESPETÁCULO
O Estrangeiro estreou no Rio de Janeiro em fevereiro de 2009, no Espaço SESC Copacabana (Mezanino). Devido ao grande sucesso de público e crítica, o espetáculo deu continuidade à sua temporada carioca no Teatro Municipal do Jockey. A seguir, realizou temporada no Teatro Leblon, onde permaneceu até setembro de 2009, completando 7 meses de apresentações no Rio de Janeiro. O Jornal do Brasil elegeu O Estrangeiro como o melhor espetáculo do ano (2009). Em dezembro do mesmo ano o espetáculo realizou curta temporada em Brasília, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Por sua qualidade e excelente receptividade junto ao público, O Estrangeiro foi selecionado pelo Programa BR Distribuidora de Cultura, sendo patrocinado para realizar apresentações, em 2010, nas seguintes cidades: Porto Alegre – RS, Salvador – BA, Vitória da Conquista – BA, Porto Seguro – BA, Arapiraca – AL, Maceió – AL, Itajaí – SC, Florianópolis – SC, Blumenau – SC, Joinville – SC, Campina Grande – PB e João Pessoa – PB. Após a circulação nacional patrocinada pela BR, o espetáculo realizou exitosa temporada em São Paulo, de setembro a novembro de 2010, no teatro Eva Herz (Livraria Cultura). Além da circulação e das temporadas acima descritas, desde sua estréia o espetáculo recebeu diversos convites, realizando apresentações em cidades do interior do Brasil e em festivais variados. Atualmente o espetáculo está realizando apresentações no interior de São Paulo, pelo Circuito Cultural Paulista.
FICHA TÉCNICA
Texto: Albert Camus
Adaptação: Morten Kirkskov
Tradução: Liane Lazoski
Direção: Vera Holtz e Guilherme Leme
Interpretação: Guilherme Leme
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenografia: Aurora dos Campos
Trilha e música incidental: Marcelo H
Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
Realização: Galharufa Produções Culturais
Datas:
27, 28 e 29 de janeiro
Sexta-feira e sábado: 21:00 hs
Domingo: 20:00 hs
Valor:
Platéia : R$ 50,00 inteira
R$ 25,00 meia
Teatro Colinas