Nossa Senhora da Conceição Aparecida Padroeira Do Brasil

No próximo dia 12 de outubro, juntamente com o Dia das Crianças, o Brasil comemora o dia da sua padroeira, Nossa Senhora da Conceição Aparecida. No entanto, nem todos conhecem a curiosa história que cerca a imagem que está entronizada na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida, interior do Estado de São Paulo. É o que contaremos aqui.

Século XVIII

No começo do mês de outubro do ano de 1717, chegou a Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D. Pedro de Almeida e Portugal, governador da então Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, passaria pela povoação, a caminho de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto), em Minas Gerais. As autoridades locais logo convocaram pescadores para tirar do rio Paraíba uma quantidade de peixes para o banquete que seria oferecido ao governador. No dia 16, diversos barcos entraram no rio para executar a tarefa.

Nada de peixes

Estranho, o que aconteceu. Normalmente, o rio tinha peixes em abundância e pescá-los era tarefa extremamente fácil. No entanto, naquele dia, mesmo depois de 12 horas na água, não se conseguiu pegar nenhum. Quase todos os pescadores desistiram e foram embora, ficando apenas duas canoas, de propriedade de Domingos Alves Garcia, do seu filho, João Alves e de Felipe Pedroso, cunhado de Domingos e tio de João. Estava já ficando escuro e, desanimados, tentaram, pela última vez, jogar as redes. João Alves recolheu sua rede, sem nenhum peixe, mas com algo estranho preso a ela. Examinando o objeto, viram que se tratava da imagem de uma santa, de 40 cm de altura, sem a cabeça.

Sem saber exatamente o que fazer com a imagem, eles a embrulharam em suas camisas e, depois, jogaram a rede mais uma vez. Mais uma surpresa: a pequena cabeça da imagem, bem menor do que as malhas da rede, foi trazida ao barco. Eles não conseguiram entender como a pequenina peça não havia passado pela malha e se perdido nu fundo do rio.

Milagre?

Depois de embrulharem tudo nas camisas, os pescadores resolveram jogar a rede uma última vez, para ver se conseguiam apanhar pelo menos alguns peixes. Quando a puxaram, a rede estava tão pesada, tão cheia de peixes, que foi necessário a força dos três para trazê-la para dentro do barco. Com apenas mais dois lançamentos, os barcos ficaram tão repletos de peixes, que ficou difícil manejá-los até a margem do rio.

Antes de irem levar os peixes à Câmara, passaram em casa, contaram o ocorrido e entregaram as duas partes da imagem a Silvana da Rocha Alves, esposa de Domingos, irmã de Felipe e mãe de João. Silvana colou a cabeça da imagem no corpo com cera e a colocou no pequeno santuário da família, agradecendo à santa o milagre dos peixes, que rendeu o bastante para o banquete do governador e para o sustento da família.

Mais milagres?

  • As velas – Numa noite serena, sem vento, de repente as duas velas que iluminavam a santa, no altar da casa de Silvana, se apagaram. Depois do espanto dos devotos que ali rezavam, Silvana ia acendê-las novamente, mas elas acenderam sozinhas. Este foi o primeiro milagre conhecido, provavelmente ocorrido em 1733.
  • As correntes – Em 1850, o escravo  Zacarias, preso por grossas correntes, ao passar pela igreja onde se encontrava a imagem, pediu permissão ao feitor para rezar. Dada a permissão, ele se ajoelhou diante da imagem e rezou, pedindo a sua libertação. Durante a oração, as correntes soltaram-se dos seus pulsos.
  • A marca da ferradura – Um cavaleiro viu a fé dos romeiros e começou a zombar, dizendo, que aquilo não passava de crendice sem valor. Para provar o que dizia, tentou entrar a cavalo na igreja. Mas logo na escadaria, a pata do seu cavalo ficou presa na pedra, e o cavaleiro foi jogado ao chão. Para espanto de todos, a marca da ferradura ficou gravada da pedra. O cavaleiro, arrependido, pediu perdão e se tornou devoto.
  • A menina cega – Uma mulher e sua filha caminhavam pelas margens do Rio Paraíba do Sul, onde foi achada a imagem, quando a filha, cega de nascença, comentou com a mãe: “Mãe como é linda essa igreja!”. Dali em diante, a garota passou a enxergar.
  • A salvação do menino – Pai e filho foram pescar. A correnteza estava muito forte e o menino caiu no rio. Ele não sabia nadar e a correnteza o arrastou. O pai, em pânico pediu a Nossa Senhora Aparecida para salvar o seu filho. De repente o corpo do menino parou de ser arrastado, apesar da forte correnteza continuar, e o pai tirou o menino das águas.
  • A onça – Um homem voltava para casa, quando se deparou com uma enorme onça. Ele se viu encurralado e a onça estava prestes a atacá-lo. Desesperado, o homem pediu a Nossa Senhora Aparecida por sua vida. A onça deu meia volta e fugiu, correndo.


Basílica de N.S. Aparecida, na cidade de Aparecida, São Paulo.