Uma série de protestos comandada por sindicatos de diferentes categorias promete parar fábricas, paralisar a principal rodovia do país, a via Dutra, e comprometer os serviços de transporte público e da prefeitura hoje em São José dos Campos. Os motoristas de ônibus devem fazer uma “operação tartaruga”, o que vai prejudicar quem sai cedo para trabalhar. A Secretaria de Transportes promete ficar de prontidão para tomar as providências necessárias e garantir o atendimento dos usuários.
Os bancários ainda não definiram se vão aderir à paralisação geral. A presidente do sindicato da categoria, Maria de Lurdes de Oliveira, disse que será feita uma assembleia em frente à Caixa Econômica Federal, na praça São Benedito, a partir das 8h, para decidir se haverá paralisação. Outro serviço que deve ficar comprometido é o dos Correios. Os trabalhadores decidiram participar do ato, junto com as centrais sindicais.
As manifestações fazem parte do Dia Nacional de Lutas, organizado em todo o país, que tem como bandeiras o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho, a ampliação dos investimentos em saúde e educação e a redução das tarifas de ônibus. Em São José, os sindicatos participantes cogitam parar a via Dutra logo nas primeiras horas da manhã. Às 10h, os manifestantes vão se concentrar na praça Afonso Pena, no centro e tentar fechar o comércio.
“Desde 1989 [quando houve greve geral dos trabalhadores] o país não tinha uma mobilização tão grande”, avaliou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Antonio Ferreira de Barros, o “Macapá”. O presidente do Sindicato dos Petroleiros, José Ademir da Silva, disse que foi aprovado em assembleia a participação dos trabalhadores no ato. “Esperamos que todos participem”, disse. Na área da Saúde, o presidente do sindicato da categoria, Carlos Gonçalves, confirmou que “os trabalhadores da região foram mobilizados para paralisar as atividades em protesto por melhores condições de trabalho”. O Sindicato dos Servidores estará na porta do Paço Municipal a partir das 7h, para chamar os funcionários para a paralisação.
Segundo a diretora Zelita Ramos, ninguém será impedido de entrar para trabalhar. “Vamos convidar os servidores a participarem do ato”. Ela disse que os serviços essenciais de saúde serão mantidos. O governo informou que expediente será normal no Paço e que vai acompanhar a mobilização dos servidores. Os sindicatos da região cogitam parar a via Dutra hoje em diferentes trechos do Vale do Paraíba para dar visibilidade à pauta de reivindicações do Dia Nacional de Lutas. Os bloqueios podem ocorrer logo no início da manhã.
Nas últimas semanas, a principal rodovia do país chegou a ficar parada por até cinco horas durante protestos contra as tarifas do transporte público na região. Em nota, a Polícia Rodoviária Federal informou que contará com reforço de efetivo e deverá monitorar os protestos dos sindicalistas, inclusive por meio das redes sociais. “Caso ocorra, a PRF trabalhará com a negociação e o diálogo até o último momento, evitando a utilização do uso da força, pois a nossa missão é garantir a fluidez do trânsito e a segurança dos manifestantes e motoristas, que contam com o direito de locomoção”, diz trecho da nota.
Segundo o inspetor Samuel Freire, o Grupo de Controle de Distúrbios (equivalente à Tropa de Choque da PM), continua na região desde o início das manifestações contra a tarifa, há duas semanas. A assessoria de imprensa da concessionária que administra a rodovia, a CCR NovaDutra, informou que não irá se pronunciar sobre o assunto. Procurado por O VALE , o comando da Polícia Militar na região não foi encontrado para comentar o esquema de segurança preparado para os protestos de hoje.