Após decretar o fim da era do professor Baptista Gargione Filho, demitido no final do ano passado após 20 anos à frente da instituição, a Univap (Universidade do Vale do Paraíba) está finalizando seu novo estatuto. A nova gestão quer democratizar a escolha de seus dirigentes, evitar perpetuação de uma só pessoa como ocorreu com Gargione Filho e fortalecer os colegiados dentro da universidade.
O documento, que deve entrar em vigor no final de janeiro de 2013, está em fase final de elaboração. Ele mudará o atual estatuto, que tem cerca de 20 anos. Para tanto, precisa ser aprovado pelo Cius (Conselho Integração Universidade-Sociedade), órgão máximo deliberativo da Univap.
Formada em abril deste ano, a Comissão do Estatuto elaborou o documento e divulgou o texto, no final de agosto, para receber sugestões da comunidade acadêmica. Na próxima quinta-feira, a comissão se reúne e decide quais sugestões farão parte do texto final, que será enviado à Reitoria e ao Cius, que pode ainda pedir alterações.
“A previsão é que o estatuto seja aprovado no final de janeiro de 2013”, disse Sandra Maria Costa, vice-reitora e presidente da comissão. Segundo ela, o novo texto cria medidas democráticas e reforça os colegiados dentro da universidade, evitando que o reitor se perpetue no comando e tome decisões sozinho.
Os novos reitor, vice-reitor e diretores acadêmicos das faculdades serão escolhidos em uma lista tríplice formada após votação direta e secreta de professores, estudantes e funcionários a decisão final caberá à FVE (Fundação Valeparaibana de Ensino), mantenedora da Univap.
O mandato deles será de quatro anos e só será permitida uma única recondução sucessiva, de igual período. O estatuto cria ainda dois conselhos para dirigir a universidade, ambos formados por representantes da Reitoria, Pró-Reitoria, direção das faculdades, dos professores, alunos e funcionários.
Trata-se do Consun (Conselho Universitário), o órgão colegiado máximo para decidir a política geral da Univap, e o Consepe (Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão), órgão colegiado técnico. “O reitor estará abaixo desses conselhos e não acima deles, como acontecia antes”, afirmou Sandra Maria. “A política da universidade deverá ser discutida pelos colegiados. É um avanço para a Univap, que é da comunidade.”
As mudanças propostas pelo novo estatuto da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) foram bem recebidas em São José dos Campos. Representantes de alunos, professores e membros da sociedade organizada elogiaram a criação de mecanismos democráticos que evitem a perpetuação de uma só pessoa ou grupo à frente da instituição.
Para o aluno do 3° ano de Direito e presidente do Diretório Acadêmico da faculdade, Rodrigo Coelho da Cunha, as modificações estão na mesma linha daquelas feitas no estatuto da FVE (Fundação Valeparaibana de Ensino), que mudou após pressão do Ministério Público.
“Estamos vivendo uma fase de transição que sinaliza para novos tempos na Univap, com maior voz e participação dos alunos nos rumos da instituição”, disse. Para o professor Luiz Carlos Andrade de Aquino, a iniciativa é digna de louvor. “Devemos louvar e reconhecer os grandes avanços deste ante-projeto, sobretudo em relação ao atual, como, por exemplo, em relação aos procedimentos de escolha dos diretores.”
O Vale
Publicado em: 04/12/2012