A Comissão da Verdade da Câmara de São José dos Campos foi instaurada ontem à noite, em cerimônia com a presença de ex-presos políticos do regime militar. A comissão pretende apurar casos de violações de direitos humanos ocorridas na cidade durante a ditadura (1964-1985), como perseguições, torturas e desaparecimentos forçados. No próximo dia 16, às 14h, estão previstos para acontecer depoimentos de familiares de pessoas que lutaram contra o golpe em 1964 abrindo os trabalhos da comissão. Na lista de convidados estão parentes dos ex-sindicalistas José Maria e Lauro Pinto, do ex-vereador de São José Osvaldo Martins Toledo e a viúva do também ex-vereador Argemiro Parisoto.
“Vamos convidar os familiares dessas pessoas que lutaram e tiveram papel fundamental na resistência contra o golpe de 1964. Isso não quer dizer que a presença delas é garantida, mas nós já enviamos os convites”, afirmou a vereadora Amélia Naomi (PT), autora do projeto de lei que criou a Comissão da Verdade. Ao todo, estão previstas oito audiências públicas na cidade e que devem coletar depoimentos de ex-professores do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e ex-funcionários do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial). A comissão também pretende ouvir pessoas que integraram o movimento estudantil, ex-alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Fundação Valeparaibana de Ensino e trabalhadores demitidos na época da ditadura militar.
A comissão leva o nome do ex-reitor do ITA Michal Gartenkraut, morto em julho deste ano.“Ele perdeu o cargo após entregar diplomas para ex-alunos perseguidos na ditadura”, afirmou Amélia.