Estar com o pé na cova. No bico do corvo. Não chupa manga este ano. Bater as botas. Ir desta para melhor. Abotoar o paletó. Bater com as dez. Estar com os dias contados. Estar na prorrogação. Fazer hora-extra. Todas essas expressões já foram sinônimo de velhice. Envelhecer era pejorativo e encarado como um prenúncio da morte. Do corpo, da mente e do espírito.
No entanto, os avanços da medicina, a tecnologia e o desenvolvimento econômico da população inverteram essa lógica. A expectativa de vida do brasileiro aumentou em 25,4 anos de 1960 a 2010, ao passar de uma média de 48 anos para 73,4 anos, segundo levantamento do IBGE. Amanhã comemora-se o Dia do Idoso.
Hoje, quem faz 60 anos e começa a entrar no clube da terceira idade, não quer mais só comida. Quer diversão e arte. Viver a vida com a “melhor qualidade possível”. Divorciada e com três filhos criados, a professora aposentada Sonia Giese, 66 anos, tem a receita para envelhecer com saúde.
Para ela, apostar na simplicidade, manter-se ativa de corpo e mente e buscar conforto das amizades é o segredo para viver bem a etapa do envelhecimento. “A gente tem que aproveitar todas as fases da vida. Ver mais as coisas à sua volta, preferir o lado simples e estar de bem com a alma”, diz ela.
Para tanto, Sonia faz ginástica todos os dias da semana mantém os estudos de inglês, alimenta-se adequadamente e investe na tecnologia. “Todo idoso deveria mexer com o computador. Não se faz mais nada sem ele”, conta. Ex-aluno do curso de informática para a maturidade do Senac de Taubaté, Izauro José Lopes, 72 anos, que nunca havia sequer ligado um computador na vida, tornou-se craque na informática.
Ele sabe mandar e-mails, navegar na internet e até manipular fotos no Photoshop. “É muito boa a experiência da tecnologia”, diz Lopes, que já até convenceu um amigo avesso à informática a aderir ao computador. “Hoje ele não deixa mais o aparelho. Até conversamos pela máquina.”
Na região, o percentual de pessoas com mais de 60 anos aumentou nos últimos anos. Saiu de 5% da população em 1991 para quase 11% em 2011. Essa massa cada vez mais crescente de pessoas na terceira idade traz desafios para os municípios.
O principal deles é investir em projetos de acessibilidade e em programas que ofereçam aos idosos atividades em diversas áreas, como esporte, cultura e lazer. Nesse quesito, São José dos Campos é considerada a melhor cidade paulista entre as 10 maiores do Estado para envelhecer cm qualidade.
A Casa do Idoso, que terá sua terceira unidade aberta na próxima quarta-feira e a quarta instalada em 2013, podendo atender 40 mil pessoas com 50 tipos de atividade, é uma referência regional. “O foco é no envelhecimento saudável. O idoso tem que se manter ativo, participando ativamente da sociedade. Ele conquistou isso”, afirma João Francisco Sawaya de Lima, o ‘Kiko’, secretário de Desenvolvimento Social de São José.
Manter-se ativo é o que faz Valdomiro Moreira, 65 anos, desde às 3h da manhã. É nesse horário que ele acorda todos os dias para chegar à rádio às 4h e apresentar um programa sertanejo. Na parte da tarde, ele trabalha coma mulher numa empresa de propaganda. O segredo dele é acreditar sempre: “A felicidade surge naturalmente”.
O Vale