Programa abre 110 vagas de internação no bolsa anticrack

A Prefeitura de São José dos Campos abriu ontem o cadastro para 110 vagas do programa “Cartão Recomeço”, que é feito em parceria com o governo do Estado e visa a internação de dependentes químicos em clínicas. O programa, conhecido também como ‘bolsa anti-crack’ pretende bancar a internação dos dependentes em clínicas da cidade. Serão gastos R$ 1.350 por mês com cada um dos pacientes, durante seis meses. O objetivo do governo municipal é estender o programa e oferecer até 350 vagas para dependentes. Quem estiver interessado na internação ou quiser indicar um parente pode procurar a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de saúde mental, no bairro Jardim Satélite, na zona sul.

De acordo com Franklin Maciel, coordenador do Programa Municipal Sobre Drogas, o paciente deve se apresentar consciente do tratamento proposto. “Não vamos fazer uma internação obrigada. A pessoa tem que querer o tratamento. Ela vai passar por exames médicos e psiquiátricos para saber se está apta para internação”. Por enquanto, a única clínica cadastrada para receber os dependentes químicos é a Comunidade Terapêutica Nova Esperança, que fica na zona sul da cidade. “Outras cinco clínicas estão esperando a vistoria do Estado para serem incluídas”, disse. Maciel explicou que a prefeitura está empenhada em aumentar os trabalhos para inserir novamente o usuário de drogas na sociedade.“Estamos estudando algumas parcerias para ajudar essa pessoa depois do tratamento.

Prefeitura renova convênio para internação de Adultos Dependentes

A Secretaria de Saúde de São José dos Campos vai expandir para adultos dependentes químicos a opção de internação compulsória ou involuntária na comunidade terapêutica Nova Esperança, no Parque Interlagos, na zona sul. A medida já é adotada com adolescentes com guarda judicial. Eles são internados após avaliação, laudo médico e ordem do juiz da Vara da Infância e Juventude.

Para tanto, a Secretaria de Saúde renovou ontem o convênio com a Nova Esperança, válido até julho de 2013. São 20 vagas disponíveis para internação masculina, metade delas para adultos. O contrato é de R$ 336 mil.

A diferença entre os dois tipos de internação involuntária e compulsória é que a primeira é ato médico sobre um paciente em um momento crítico. Já a segunda é ato judicial. Feita à revelia do paciente, a internação compulsória vem causando polêmica e dividindo opiniões.

Há quem a defenda para salvaguardar a vida do usuário de drogas por ele não mais conseguir decidir o rumo de sua vida, em razão do consumo constante de drogas ou álcool. Mas também existem opiniões contrárias, que apontam supressão dos direitos individuais e o risco de o paciente processar o médico.

“Falar em direito de escolha para viciado é absurdo, pois ele perdeu o poder de escolha e cabe à família e ao médico tomar a decisão de interná-lo”, disse, em nota, a psicóloga Marisa Lobo, coordenadora do movimento “Maconha Não”.

“A internação compulsória, ao suprimir direitos individuais, abre a possibilidade para abusos”, afirmou Roberto Tykanori, coordenador da área técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Em São José, adolescentes são internados compulsoriamente a pedido de familiares, do Conselho Tutelar ou por meio de serviços de atendimentos social ou em saúde. Toda internação tem que ser determinada judicialmente.

“Temos obtido bons resultados na internação compulsória dentro do que se espera de um dependente jovem, em razão da sua vulnerabilidade e do baixo autocontrole”, disse Patrícia Minari, coordenadora do Caps-Ad (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) de São José.

Com bem menos casos de adultos internados à revelia, o serviço de saúde vai estender essa opção para dependentes químicos. Para tanto, serão necessárias avaliações, laudo médico e uma ordem judicial. O tempo mínimo de internação para tratamento na Nova Esperança é de seis meses.

O Vale