Obras na cidade de expansão geram transtornos na cidade

A pressa pela verticalização em São José tem se tornado um transtorno para quem precisa conviver com ela.
Em diferentes locais da cidade há diversos casos de relatos em que pessoas dizem conviver com obras de médio e grande portes, sendo realizadas em horários irregulares.

Este é o caso do operador de cobranças Erik Rodolfo Ferreira, 22 anos. Vizinho do Shopping Centro, ele diz que tem enfrentado problemas para dormir há cerca de 35 dias, devido a uma obra que começou no telhado do local, que fica de frente para seu apartamento.

“As obras acontecem aproximadamente três vezes por semana. Eles sabem que é um prédio residencial ao lado, mas não procuraram a gente em nenhum momento”. O transtorno tem sido refletido diretamente no sono dele. “Acordo às 7h para trabalhar. A obra sempre começa às 23h e acaba cerca de 2h ou 3h”, conta Erik. “Tem dias que os pedreiros colocam música e incomoda mesmo. Fazem muito barulho e falam alto.”

Um problema similar têm acontecido com um prédio vizinho ao shopping CenterVale. A síndica Ivany Almada Santos, 56 anos, explica o transtorno que tem tido. “A reforma começou e com ela os problemas. Queimaram muitos aparelhos pelo prédio. No meu apartamento o computador queimou. A placa do elevador também queimou porque a energia está oscilando muito”, disse ela, que desconfia que a oscilação no fornecimento de energia esteja relacionada com a obra de ampliação do shopping vizinho.

“Já até acostumamos com o barulho porque é dia e noite. À noite, quando começa a obra, a TV começa a fazer um barulho junto com os equipamentos”, afirmou a moradora.O problema de barulho de obras em horários irregulares não é restrito a vizinhos de shoppings e se alastra por toda São José.

A professora Sueli Bras da Palma, de 62 anos, passou por uma problema similar entre os meses de fevereiro e março, na Vila Adyanna. “Geralmente aos sábados e domingos pela manhã havia muito barulho de caminhão retirando entulho e funcionários trabalhando”, relata.

No entanto, no caso dela, o problema cessou após um mês. “Às vezes falam que isso acontece muito em bairros afastados, mas isso acontece independentemente da região”, disse. O Shopping Centro esclareceu por meio de assessoria que ocorre que o shopping teve que fazer uma obra de urgência no telhado, em decorrência das fortes chuvas nos últimos tempos.

O CenterVale informou que após problemas no início das obras não voltou a reformar a área externa à noite. Quanto às quedas de energia, a coordenação de operações não vê relação com a ampliação, já que toda a energia vem de geradores e não da rua.

O Vale

PM termina curso de formação de voluntários na cidade

A Polícia Militar terminou ontem o treinamento de 22 voluntários que ficarão responsáveis por mediar conflitos entre vizinhos em São José dos Campos. A mediação de conflitos está prevista para começar no mês que vem. Nas próximas duas semanas, moradores de outras cidades também serão treinados, já que o projeto será aplicado em todas as cidades da região.

A principal intenção da mediação é incentivar os diálogos entre vizinhos e acabar com as chamadas de perturbação de sossego, responsáveis por 40% das demandas da PM atualmente. “Além disso, há muita reincidência. Atendemos em um mesmo local 30, 40 vezes. Isso consome muitos policiais, que poderiam atuar contra a prevenção de crimes”, diz o tenente Carlos André de Carvalho.

O projeto começou a ser implantado pela PM em agosto do ano passado. Na ocasião, foi feito um levantamento, que mostrava que a corporação gasta cerca de R$ 466 mil por mês atendendo ocorrências de perturbação de sossego ou desinteligência. Só uma padaria da zona leste de São José recebeu 74 denúncias de perturbação de sossego no primeiro semestre de 2011.

O treinamento consiste em um curso com carga de 16 horas e foi planejado pela diretoria de ensino da PM, na capital. Em todo o Vale, a expectativa é que 60 pessoas sejam treinadas. Após o treinamento, essas pessoas receberão levantamentos da PM sobre um local que tem recebido constantes denúncias e o vizinho que reclama do barulho.

O mediador será aquele que estiver mais perto da região onde acontecerá o debate. “A intenção é fazer com que as duas partes cheguem a um ponto comum. O mediador não tem poder de decisão, apenas visa facilitar a convivência”, explica o tenente. Em casos que o mediador não sentir segurança para atender, a Polícia Militar continuará indo ao local.

Maria Celeste Pedroso, 57 anos, é uma das voluntárias do projeto. “É uma atividade humanitária. Essa mediação de conflitos pode ajudar muito a resolver casos bobos que resultam em violência. É uma medida muito importante”, afirma.

O Vale