Prefeito quer alterar pedido para permitir a termelétrica

Para reduzir a rejeição, a Prefeitura de São José decidiu rever o projeto de lei do Executivo que libera a instalação de usinas de geração de energia na cidade. A nova proposta vai permitir somente a instalação de usinas movidas a lixo.

O texto original, que está em análise na Câmara desde 2010, abre brecha para uso de outras fontes de energia alternativas como gás natural, biomassa, etanol e combustíveis sustentáveis.

“O projeto que está na Câmara não será votado daquela forma. Existe um entendimento de que ele pode abrir brecha para a instalação de termelétricas na cidade. A mudança no texto deixará claro que o objetivo do município é resolver o problema do lixo e não o de querer gerar energia”, disse o secretário de Meio Ambiente de São José, André Miragaia.

Segundo ele, é preciso ficar claro que a parte de incineração corresponde a apenas 30% do lixo gerado.
“Nosso projeto prioriza a separação mecânica do lixo, a biodigestão e a compostagem”, afirmou o secretário. Miragaia já se reuniu com um grupo de vereadores em busca de uma nova redação para o texto da lei que está na Câmara.

“Há um consenso de que o projeto deve ser focado no uso do lixo para que ninguém se utilize da lei para instalar termelétricas.”A instalação da usina de geração de energia prevê investimento de cerca de R$ 190 milhões. Ela funcionará ao lado de onde está instalado o aterro sanitário da cidade, no bairro Torrão de Ouro, na zona sul.

A meta é ampliar o tempo de vida do aterro sanitário de 12 para 40 anos. O aterro recebe cerca de 650 toneladas de resíduos sólidos por dia, sendo que 60% dele é orgânico. Para o prefeito Eduardo Cury (PSDB), caberá à Câmara decidir quando o projeto será votado.

“Quando os vereadores acharem que está maduro, terá nosso apoio para votar e mudar a lei. Colocamos o projeto para discussão, republicamos na internet, ouvimos a cidade toda, entidades fizeram audiências e apontamentos. E a discussão tem caminhado bem.”

Mas nem mudanças no texto poderão garantir aprovação ainda este ano, já que o projeto encontra resistência até entre os vereadores governistas.

“Hoje, eu votaria contra o projeto que está na Câmara porque ainda não está estabelecida qual será a matriz de queima. Outra preocupação é a segurança na retenção dos gases gerados com a biodigestão”, disse o vereador Walter Hayashi (PSB).

Para ele, é preciso ampliar a reciclagem de lixo na cidade, limitada a 50 mil toneladas. O vereador Cristiano Pinto Ferreira (PV) defendeu a elaboração de um inventário ambiental antes de liberar a instalação da usina, que pode ampliar a poluição.

“Não me sinto à vontade para votar este projeto antes de sabermos como ele irá afetar o meio ambiente.”
Apesar da resistência, o presidente da Câmara, Juvenil Silvério (PSDB), e o líder do governo, Fernando Petiti (PSDB), trabalham em busca de um consenso para aprovar o novo texto.

“Havendo o entendimento entre a Câmara e a prefeitura, sou favorável à votação”, afirmou Juvenil.
“O aterro ficou pequeno e ninguém quer mandar o lixo para outra cidade. São José tem a necessidade de encontrar um espaço para tratar o seu lixo”, disse Petiti.

O Vale