Com capacidade para produzir 25.900 carros mensais, o setor denominado MVA (Montagem de Veículos Automotores) do complexo da General Motors de São José dos Campos está praticamente ocioso, segundo dados do Sindicato dos Meta-lúrgicos de São José, que planeja iniciar campanha contra a desativação dessa linha, prevista pela empresa para dezembro deste ano.
Até o ano passado, eram produzidos no MVA quatro modelos de carros: Meriva, Corsa, Zafira e Classic. Atualmente, o setor produz apenas o Classic, a uma cadência de 160 carros por dia, ou 3.000 mensais, informa a direção do sindicato. Dos 1.800 empregados do setor, permaneceram na ativa 950, que têm emprego garantido somente até o mês de dezembro. Nos próximos dias, pelo menos 500 dos 739 operários do setor que estavam afastados devem ser demitidos. O clima é de apreensão na unidade.
A situação atual desse setor retrata a queda-de-braço que ocorre entre a GM e o sindicato desde 2008, quando foi pactuado acordo para a produção do nova S10 em São José. De lá pra cá, não foi firmado nenhum acordo que resultasse em investimentos na planta de São José. A GM levou novos investimentos para outras unidades da montadora no país.
O embate está centralizado em questões trabalhistas. A montadora condiciona a produção de novos modelos em São José se houver flexibilização da jornada de trabalho e redução salarial, pontos considerados “intocáveis” pelo sindicato. Em janeiro deste ano, sob a ameaça de demissão de cerca de 1.500 operários, o sindicato concordou com flexibiliza-ções trabalhistas. A GM decidiu manter o MVA ativo até dezembro e prorrogou por mais 60 dias a licença dos operários afastados.
O presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, afirma que a entidade vai continuar sua batalha pela manutenção dos empregos na montadora, mas o foco principal será contra a desativação do MVA.
“O nosso foco até dezembro é encontrar alternativas para manter o MVA”, afirmou.
Ele relatou que o setor é o maior do complexo da GM e tem capacidade para produzir 300 mil carros por ano. “É o dobro da capacidade que terá a Chery em Jacareí”. O dirigente afirmou que o sindicato vai lançar campanha pela manutenção do setor. “Queremos negociar coma empresa a produção de novos modelos nessa linha, que é uma das mais modernas que existem no país”, afirmou. Segundo ele, o sindicato planeja mobilizar os trabalhadores da GM, a comunidade e procurar esferas governamentais para evitar que o MVA seja fechado em dezembro.
O Vale
Publicado em: 25/03/2013