O diretor-presidente da Embraer, Frederico Curado, mostrou-se confiante quanto à nova concorrência promovida pela Força Aérea dos Estados Unidos a fim de escolher caças de ataque leve para serem usados em missões no Afeganistão.
Os requisitos do novo contrato apresentam alterações em relação ao primeiro processo de escolha que, na visão de Curado, podem auxiliar o Super Tucano, avião da empresa de São José dos Campos, a vencer o único adversário na concorrência, o AT-6 da norte-americana Hawker Beechcraft.
Se por um lado a Força Aérea eliminou o item que pedia o comparativo de voo entre os aviões, por outro, agora pede histórico de desempenho comprovado dos modelos em missões de contrainsurgência, finalidade dos caças a serem selecionados para o Afeganistão.
“Talvez uma coisa compense a outra. Embora em voo não teremos a chance de mostrar a superioridade do nosso avião, ao falar de passado, temos mais de 100 aeronaves em operação, um avião que vem sendo usado em operação real, como na Colômbia e outros lugares. O avião da concorrente é um avião de treinamento.
Contrainsurgência, eles não têm muito o que falar a não ser o que eles pretendem fazer”, disse Curado, em entrevista exclusiva a O Vale. Embraer e Beechcraft têm até 4 de junho pra apresentarem suas propostas à Força Aérea dos EUA. O vencedor da disputa será definido somente em janeiro de 2013.
Curado lembrou que o novo processo de escolha traz um elemento diferente da primeira concorrência: a situação financeira da Beechcraft, que na última quinta-feira entrou em processo de concordata para quitar uma dívida de US$ 2,5 bilhões (R$ 4,9 bilhões).
“É uma variável nova. Não sabemos se isso é um fator determinante para que eles sejam mantidos na competição, mas por isso não podemos deixar de competir. Temos que ter mais um pouco de paciência, mas essa é nossa expectativa e tomara que a gente consiga vencer de novo”, disse.
Após o anúncio dos novos requisitos para a concorrência, a porta-voz da Beechcraft, Nicole Alexander, afirmou que não espera que o pedido de concordata atrapalhe o processo de escolha da Força Aérea. Segundo a empresa norte-americana, o pedido de concordata não é usado como critério da Força Aérea para excluir um competidor.
O processo de escolha para o fornecimento das aeronaves está sendo refeito após ‘lobby’ da Beechcraft em órgãos dos EUA. No final de dezembro do ano passado, Embraer e sua parceira na disputa, Sierra Nevada, chegaram a ser declaradas vencedoras do contrato inicial para o fornecimento de 20 caças, avaliado em US$ 355 milhões (R$ 696 milhões). A Beechcraft recorreu da decisão e a Força Aérea decidiu refazer a concorrência.
A Força Aérea dos EUA seleciona as aeronaves para o programa denominado LAS (apoio aéreo leve) com finalidade de operar em missões de vigilância de fronteira e ataques contrainsurgência no Afeganistão.
As primeiras entregas estão previstas para o terceiro trimestre de 2014. O contrato pode chegar a US$ 1 bilhão.
O Vale