Motocicleta, velocidade e rock’n roll. A paixão por essas três coisas uniu cerca de 4.000 pessoas de todas as regiões do Brasil em um clube. Trata-se do Abutre’s, o maior motoclube do país, que comemorou 23 anos, na última segunda-feira e prepara festa de arromba marcada para o mês de dezembro.
No Vale do Paraíba, o motoclube tem três unidades, chamadas de Facções São José, Taubaté e Lorena que agregam membros de todas as cidades da região, somando cerca de 200 sócios. Para fazer parte do Abutre’s é preciso ser homem, ter mais de 25 anos, possuir uma moto preta e ser convidado por alguém que já seja sócio.
Uma vez aceito, o candidato deverá passar por uma série de provações para mostrar que se encaixa na filosofia do clube.
“Não importa a cor, o credo, a condição financeira, o tipo da moto ou a profissão. Todos são tratados igualmente”, afirma Dinho Amaral, 38 anos, designer de motocicleta e responsável pela facção joseense. O engenheiro eletricista Tadeu Tazinato, 31 anos, o Cigano, ingressou no clube há quatro meses. “Já andava com o pessoal há 13 anos. E agora resolvi me filiar”.
Nenhum membro gosta de revelar quanto gasta com as suas motos. Mas não é pouco. “Não sei, na verdade, quanto já investi em cada uma das motocicletas que tive”, afirma Tazinato, 31 anos, que contabilizou 15 motos. “Acho que gosto de moto desde que nasci. Troco, em média, uma vez por ano”, disse.
Amaral também não revela o preço gasto na brincadeira. “Tenho uma Harley-Davidson e a minha preferida: uma Chooper, que eu levei três anos para construir e é totalmente artesanal. A apelidei de Vadia”, contou o designer. O motoclube incentiva os seus membros a caírem na estrada sem medo, assim, histórias boas (e ruins!) não faltam ao grupo.
“Uma vez, nos perdemos em Conselheiro Lafaiete, Minas Gerais, e acabamos encontrando um senhor muito simples que estava comemorando o seu aniversário. Foi uma noite regada a bate-papo e boa comida”, afirmou Amaral.
Uma das regras do clube é o respeito ao senso de coletividade. “Já aconteceu de eu quebrar a moto em uma estrada. Tive de ligar para o diretor da facção local, que mandou o membro que estava mais próximo ir ao meu encontro”, disse Tazinato. “Nós nos ajudamos em qualquer lugar. Abutre em São Paulo ou no Acre é a mesma coisa. No fim, somos um só”, afirmou.
O Vale