Pressionado pelo aumento da competitividade entre as empresas e a escassez de mão de obra qualificada, o estágio se ‘profissionalizou’ nos últimos anos. É o que apontam diretores de empresas instaladas na região que aproveitam o estágio para moldar os estudantes em potenciais trabalhadores do futuro.
“A gente olha nossos estagiários como futuros líderes da nossa empresa”, disse o gerente de relações institucionais da Johnson&Johnson, Alcides Suliman. Na empresa de produtos de saúde com sede em São José, atualmente 60 estudantes participam do programa de estágio da J&J, um dos mais concorridos da região. No ano passado, 5.000 pessoas se inscreveram para os 60 postos, concorrência de 83 pessoas por vaga.
O programa consiste em workshops, treinamento prático e auxílio de monitores no planejamento da carreira dos alunos. Quem se destaca, passa para o segundo ano de estágio. Mais à frente, a meta é ficar para o programa de trainee. Bruna Varella, 22 anos, estudante de administração, está em seu segundo ano de estágio da Johnson. Atuando no setor de relações institucionais, busca terminar o ano entre os estagiários selecionados para o trainee.
“O programa de estágio nos prepara para isso. Enxergo que estarei aqui no futuro e sei que as possibilidades são grandes, pois temos muito treinamento”, disse. Quem também vislumbra uma chance como profissional é Andréa Campos, 24 anos, outra estagiária em seu segundo ano de empresa. “O investimento da empresa no estagiário é muito alto”, afirmou.
A média de retenção de estagiários da Johnson varia entre 30% e 45%, índice maior que o registrado no passado.
“Com a evolução do mercado de trabalho, o programa de estágio se tornou um celeiro de talentos”, disse Suliman. Na Unimed de São José, a média de efetivação dos estagiários é ainda maior: de 70% a 80%. Atualmente, 15 estudantes prestam serviço na empresa.
“A proposta é de fazer um trabalho para moldar essa pessoa dentro da empresa”, afirma Regina Bellato, gerente de recursos humanos da Unimed. Ela explica que outra vantagem em adaptar um profissional que já está na empresa para preencher uma vaga aberta é a redução do custo do processo de seleção.
“Quando identificamos um profissional diferenciado, buscamos rete-lo”, disse Regina.
Foi o caso da enfermeira Claudia Serrano, 22 anos, contratada no mês passado pela Unimed, após passar pelo processo de estágio da empresa em 2011.
“Aprendi muito nesse tempo em que fui estagiária. Quando me inscrevi, buscava ter a vivência de um hospital e foi o que aconteceu. Foi muito positivo”, disse Claudia. Em São José, mais de 5.200 estudantes estagiam nas empresas da cidade. Mais de 250 vagas estão abertas.
O Vale