Sistema de Triagem das UBS’s cria insatisfação de pacientes

O novo sistema de triagem para marcação de consulta nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de São José dos Campos, que foi criado para reduzir a fila de espera por atendimento médico, tem gerado agora uma segunda fila para passar com enfermeiros em algumas UBSs de alta demanda.

Com a implantação do ‘atendimento qualificado’, em outubro de 2011, os pacientes deixaram de marcar a consulta diretamente com o médico e agora passam primeiro por um enfermeiro ou profissional da saúde, que questiona por qual motivo o paciente procurou a UBS, avalia o problema e dá o encaminhamento especializado para o caso.

A dona de casa Andrea de Oliveira Gomes Klid, 35 anos, foi na última quinta-feira à UBS do Jardim Satélite e só conseguiu marcar a triagem com o enfermeiro para o dia 31 de maio. “Foi a minha primeira experiência com o novo sistema e não gostei da mudança. Antes, chegava e já marcava consulta direto com o clínico geral, mas agora só consegui uma vaga com o enfermeiro para maio”, disse.

Segundo a Secretária de Saúde de São José dos Campos, a paciente foi acolhida por um profissional da área de saúde e foi detectado que ela precisaria conversar com o enfermeiro. Neste caso, por causa do grande movimento da UBS, foi agendada uma data para a conversa com um enfermeiro para maior conforto da paciente.

De acordo com o secretário de Saúde, Danilo Stanzani Júnior, após o ‘acolhimento profissional’, a demanda por médicos nas UBS´s reduziram em até 60%. “A fila de espera já chegou a seis meses. Com o acolhimento, na UBS da Vila Maria, (na região central de São José), por exemplo, o paciente consegue marcar a consulta na hora”, disse.

Segundo o secretário, o acolhimento distribui melhor a procura por médicos. “Entre 5% e 10% dos pacientes procuravam a UBS apenas para trocar a receita de um hospital particular para o SUS. Esse procedimento pode ser realizado por outros profissionais”, disse.

Stanzani também afirmou que o acolhimento reduziu a demanda no Pronto-Socorro da Vila Industrial, de 25 mil atendimentos por mês, para 22 mil por mês. “As pessoas não esperavam pelo médico e procuravam o PS. Com o ‘acolhimento’ somos mais eficientes e efetivos”, disse.

Uma das críticas do Sindicato de Servidores Municipais ao acolhimento é que o enfermeiro estaria exercendo a função do médico. “A administração quer que o enfermeiro faça o diagnóstico e a medicação para reduzir a procura por médicos, sendo que ele não é capacitado para isso”, afirmou Maurílio de Oliveira, coordenador da secretária de comunicação do sindicato. Stanzani, no entanto, garante que o enfermeiro apenas ajuda a orientar que o tratamento indicado pelo médico seja realizado pelo paciente.

O Vale