A morte do advogado José Aparecido Ferraz Barbosa provocou um efeito-cascata entre advogados e entidades que reúnem profissionais do Direito em São José. Eles começam hoje uma série de protestos e reivindicações para evitar que outra tragédia aconteça nas dependências do Fórum.
Na parte da manhã, às 10h, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São José faz um ato público na frente do prédio do Fórum. Eles usarão o microfone, faixas e cartazes para mobilizar a categoria e exigir que o Fórum seja fechado até que a segurança esteja garantida. Além disso, um abaixo-assinado colherá adesões de advogados para tornar obrigatório o uso de portas giratórias nos fóruns, com detectores de metais.
“O ato lembrará o dr. Ferraz Barbosa advogado após ser baleado no Fórum e, ao mesmo tempo, convocará o poder público para garantir a segurança no prédio”, explicou Júlio Rocha, presidente da OAB de São José. Para ele, a situação chegou ao ponto máximo de exaustão com a morte de um profissional, em plena casa da Justiça, e durante o exercício da atividade.
“A situação do Fórum é extremamente precária e os funcionários estão indignados com essa condição.”
Rocha disse ainda que o ato será uma maneira de acender o pavio da sociedade para a briga pelo novo prédio do Fórum. Ele defende que a inauguração seja antecipada.
“Não existe essa história de que não dá para antecipar a inauguração. Se a sociedade pressionar, vai ter que dar”, afirmou. Na manhã de ontem, antes que o Fórum abrisse apenas para funcionários o expediente foi suspenso pelo Tribunal de Justiça às 11h30, funcionários da casa deram-se as mãos na frente do prédio e rezaram pelo advogado morto.
Eles também ‘abraçaram’ simbolicamente o Fórum e pediram mais segurança. Na opinião de Gustavo Vantine, diretor-presidente da Aavale (Associação dos Advogados do Vale do Paraíba), a morte do advogado reveste-se de cores absurdas e lamentáveis que mancham a advocacia da região.
“Temos uma vida ceifada por inoperância do poder público. É uma situação absurda. Os representantes da população têm que ser cobrados. Vamos cobrar explicações severas desse caso”, afirmou. Luiz Carlos Pêgas, presidente da Associação dos Advogados de São José dos Campos, considerou o assassinato de Barbosa não só fruto da violência, mas do “descaso das autoridades na segurança de todos os que frequentam aquela repartição pública”.
Presidente da comissão de Segurança Pública da OAB de São José, Alexandre de Oliveira Campos chamou o episódio de “fato gravíssimo” e que deve provocar “a tomada de medidas pelo Judiciário”. Todos os representantes de classe concordam que o atraso na construção do novo prédio do Fórum, no Jardim Aquarius, região oeste de São José, contribui para a sensação de insegurança.
As obras começaram em 2005 e tiveram sucessivos problemas nos serviços, com abandono de construtoras, mudanças de projeto e encarecimento das obras. O prédio que deveria ter sido aberto em 2007, teve cinco inaugurações adiadas. A data marcada é 9 de novembro.
O Vale