O impasse sobre a destino do tradicional Cine Teatro Benedito Alves da Silva, no centro de São José dos Campos, chegou ao fim. O local, fechado há 9 anos, deve manter sua vocação cultural e será reaberto no primeiro semestre de 2013.
A informação foi dada pela direção do Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento (Ipplan), responsável pelo projeto de revitalização da região central da cidade, o ‘Centro Vivo’. A proposta é que o edifício volte a operar suas atividades por meio de parceria entre a iniciativa privada e a Fundação Cultural Cassiano Ricardo. O modelo foi batizado de administração múltipla.
Com isso, o Cine Teatro deverá se tornar um centro cultural e receber peças teatrais, apresentações de música e dança, exposições e exibição de filmes. O objetivo é garantir a frequência de público no local, inclusive a noite, conforme prevê uma das etapas do projeto de revitalização do Centro.
O patrimônio, construído na década de 50 foi um dos pontos polêmicos da proposta. No ano passado, a diretora geral do Ipplan, Cynthia Gonçalo, anunciou a intenção de conceder o prédio à iniciativa privada. Na época, três empresários teriam demonstrado interesse no edifício, que tem vista privilegiada para o Banhado, cartão postal de São José. Eles operariam nas ramos gastronômico, de entretenimento e lazer noturmo. A classe artística da cidade se revoltou e fez mobilizações e protestos contra a proposta.
Definição
Por isso, a administração reavaliou o caso e em março deste ano realizou uma consulta pública para definir o futuro do Cine Teatro. Simultâneamento dez empresários demonstraram interesse pelo espaço e enviaram propostas para análise do instituto.
“Estamos finalizando o modelo de negócios para reabertura ainda no primeiro semestre do ano que vem”, garantiu a diretora. Segundo ela, as obras serão feitas pela prefeitura, mas o projeto ainda não foi concluído. Ainda não há projeção do investimento para a reforma.
Avaliação
Artistas da cidade questionam o modelo de gestão compartilhada sugerido pela administração. Esse é o caso da escritora e artista fundadora da Companhia Cultural Bola de Meia, Jacqueline Maumgratz. “Não vejo problema em compartilhar o espaço que antes era exclusivo para o teatro com outras linguagens artísticas. Mas acho que o comando deve se manter exclusivo nas mãos do governo e o empresários atuando apenas como coloboradores”, afirmou.
O produtor, músico e fotógrafo Marcelo Magano também contesta. “O que a iniciativa privada quer, sempre, é lucro. Vão explorar quem, os artistas? Aquele é um teatro pequeno, para a comunidade. A Fundação Cultural teria competência para gerir sozinha a agenda do teatro, o problema é que querem terceirizar tudo”, disse Magano. Ele sugeriu a abertura de editais para que os próprios artistas apresentem propostas.
G1 (Vnews)