Ministério Público apura erro nas Vacinações

O Ministério Público de São José instaurou inquérito civil público para apurar suposta insuficiência da Prefeitura de São José e do governo do Estado na aquisição das vacinas contra a Gripe A e na distribuição das doses. O titular da 14ª Promotoria, Marcos Antônio Librelon, encaminhou ofício no último dia 14 ao prefeito Carlinhos Almeida (PT) pedindo que ele informe as ações desenvolvidas no município no combate ao vírus H1N1.

O prazo para resposta é de 20 dias a partir da data do recebimento do ofício. O pedido para a instauração do inquérito foi feito pelo ex-vereador Cristiano Pinto Ferreira (PV), que disputou o Paço no ano passado. Ele está preocupado com o que classificou como surto de H1N1 em São José. Neste ano, 7 pessoas já morreram por causa da gripe A na cidade, mais do que as 6 mortes na pandemia de 2009.

“Não tenho dúvidas de que há ainda mais mortes por causa da doença. No entanto, eles estão sendo notificados como origem desconhecida, por exemplo”, afirmou Cristiano. “Acredito que, a partir do momento em que as pessoas estão morrendo, o governo tem de fazer alguma coisa”, completou. O promotor Marcos Antônio Librelon não foi localizado ontem por O VALE para comentar o assunto. A vacinação contra a Gripe A começou em 15 de abril último. A meta era imunizar ao menos 100 mil pessoas do total de 125 mil que compõem público alvo idosos com 60 anos ou mais, bebês de seis meses e menores de 2 anos, gestantes, puérperas (mulheres até 45 dias após parto) e portadores de doenças crônicas.

Em maio, a cidade superou a meta, atingindo 92% do público. No entanto, devido à grande procura por pessoas do grupo que não tinham conseguido se vacinar, a prefeitura pediu ao Estado mais doses. Novas 10 mil vacinas foram enviadas à cidade, mas acabaram em 48 horas. No início deste mês, a Secretaria de Saúde recebeu outras 19 mil doses e, na sequencia, mais 9.000. O medicamento Tamiflu, usado no tratamento da Gripe A, esteve em falta no dia 22 de maio. A secretaria só recebeu o remédio no dia seguinte. Segundo documento do MP, o Estado também tem responsabilidade sobre o grande número de casos na cidade.

A Prefeitura de São José informou, por meio de nota, que já recebeu a notificação do Ministério Público. A resposta ainda será encaminhada e o seu teor será no sentido de esclarecer que a aquisição da vacina de gripe é de responsabilidade do Ministério da Saúde, bem como a definição do público alvo. Já a distribuição das doses é de responsabilidade da Secretaria de Estado da Saúde. O governo do Estado informou por meio da assessoria que, além das vacinas enviadas para São José suficientes para vacinar o grupo de risco, a cidade recebeu outras 55 mil doses entre maio e junho. Ainda segundo a Secretaria de Estado da Saúde, os município que solicitaram novas doses foram atendidos. Além disso, 150 mil doses do medicamento Tamiflu foram enviadas a São José.

Problemas no Aeroporto descatam o uso pela Anac

Diferente das previsões de empresários e da prefeitura, o especialista da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Sylvio José Coelho de Souza, acredita que o Aeroporto de São José nunca será um importante terminal de cargas e passageiros. A avaliação joga um ‘balde de água fria’ na força-tarefa do governo do prefeito Eduardo Cury (PSDB) de tentar municipalizar o terminal para aumentar sua capacidade operacional.

“A pista de São José foi feita para atender a necessidade da indústria aeronáutica até por ter sido construída em área militar. Ao longo do tempo, nenhuma pessoa do cenário político se opôs ou refletiu sobre a necessidade de oferecer outro atendimento”, disse Souza. “Hoje, não enxergo perspectiva de mudança. São José perdeu o bonde de uma eventual mudança há pelo menos 15 anos”, afirmou.

Souza ministrou uma palestra sobre o tema na última semana na unidade da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) de São José. O evento foi assistido por 50 pessoas. Segundo ele, o principal entrave sofrido hoje para mudar o perfil do Aeroporto de São José é que cidades vizinhas estão com projetos similares porém mais adiantados.

“Existem alternativas na região muito à frente, a exemplo de Caçapava e Taubaté, que realmente estão investindo na ideia. Será preciso quatro anos para São José chegar no ponto que esses municípios estão agora”, afirmou.

Apesar de ter uma das melhores pistas do país, o Aeroporto de São José não conta com estacionamento para a pernoite das aeronaves e tem uma estrutura precária para receber os passageiros. O terminal também não atende à necessidade das empresas da região já que entrega ou envia menos de 1% da carga circulante. A maioria vai parar nos terminais de Guarulhos e de Viracopos, em Campinas.

Apesar do cenário, a perspectiva do especialista da Anac é criticada por empresários como Almir Fernandes, diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado). “O aeroporto de São José precisa ser municipalizado. Assim que isso ocorrer, já existem projetos para aumentar sua capacidade”, afirmou.

O projeto que ele se refere é o da prefeitura, que aposta na municipalização do terminal. A ideia da administração é construir um aeroporto no lado oposto ao atual, com saída pela Rodovia dos Tamoios. O terminal é operado pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).

O prefeito Eduardo Cury e o deputado federal Carlinhos Almeida (PT) se reuniram na última semana com representantes da SAC (Secretaria de Aviação Civil), órgão vinculado à Presidência da República, para discutir a muni-cipalização. A secretaria pediu um ano para analisar o caso.

“Entendemos que esse é um tempo demasiadamente longo, mas paciência. Nós dependemos deles”, afirmou Cury a O VALE. “Pedimos que pelo menos emergencialmente a SAC dê uma olhada no terminal de passageiros para deixa-lo em condições de uso. Eles prometeram entrar em contato com Infraero para agilizar esse processo”, afirmou. Hoje, o Aeroporto de São José é operado por apenas duas empresas, a Azul e a Trip, que oferecem voos diários para destinos curtos.

O Vale