O aposentado R. C. P, 68 anos, paga cerca de R$ 20 mil por ano para a iniciativa privada para ter segurança, um serviço que deveria ser garantido pelo Estado. R. não é o único. Com a escalada da violência, as pessoas estão recorrendo cada vez mais a muros maiores, cercas elétricas e câmeras de vigilância. O mercado da segurança privada, cresce em média, 17% ao ano.
“As pessoas ouvem repercussão de outros crimes e tomam medidas excessivas. Isso prejudica a qualidade da vida. Muitas vezes, a pessoa não deixa os filhos saírem de casa por medo”, diz José Vicente da Silva Filho, consultor de segurança.
Na região, uma pessoa é vítima de roubo, furto ou sequestro a cada 12 minutos. Uma forma comum de abordagem é a pessoa ser rendida no portão da casa. A Engeseg, empresa de segurança que atua em São José, diz que houve uma mudança no padrão dos clientes atendidos.
“Antigamente, eram empresas que queriam tecnologia. O número de casas era ínfimo. Hoje, de 3.000 clientes, metade são casas que instalaram câmeras e alarmes”, diz Antônio de Pádua Oliveira, gerente de segurança eletrônica da Engeseg.
De acordo com a Sesvesp (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo), em 2011, o setor de segurança privada empregava 3.549 pessoas em São José. Em 2010, o número era 2.784. “Este aumento é reflexo da legislação, que mudou e também do crescimento da economia. Se a economia cresce, aumenta também a contratação de vigilantes”, diz João Eliezer Palhuca, vice-presidente do Sindicato.
A casa onde R. mora com o pai, possui uma forte estrutura de segurança: muro de três metros de altura, câmeras e cerca elétrica em volta do terreno. Na rua, um vigilante é pago por todos os moradores para acionar a polícia em casos suspeitos. Além disso, a residência e os três veículos estão segurados.
“Se o ladrão pensar em olhar minha casa vai pensar duas vezes. Talvez decida roubar um local que tenha menos segurança”, diz. R. diz que a rua em que ele mora é tranquila, mas todos seus vizinhos investem em equipamentos de segurança.
“Quem quer ser assaltado? A gente sabe que a Polícia Militar não pode estar em todos os lugares. Então, prefiro não depender só dela”, d iz. A tecnologia permite hoje que a pessoa consiga ver do celular tudo que acontece em sua casa, em tempo real. Mas custa caro. Um kit básico com duas câmeras de segurança custa R$ 4.000 e mais uma mensalidade de R$ 150 para que a empresa de segurança faça o monitoramento.
“Ter segurança em casa era muito mais caro, mas agora está mais acessível. As pessoas investem nesses equipamentos para sentirem mais sensação de segurança e evitar o trauma de serem vítimas”, diz o gerente da Engeseg.
O Vale