A General Motors planeja suspender até julho a produção de três modelos fabricados em São José Corsa, Meriva e Zafira. A medida ameaça o emprego de quase 1.500 trabalhadores que atuam no MVA (Montagem de Veículos Automotores).
Como os substitutos destes modelos serão produzidos em outras plantas da GM no país, o MVA (setor que mais emprega em São José com dois turnos e 3.000 trabalhadores) ficaria responsável apenas pela fabricação do Classic, que também é feito em São Caetano do Sul e em Rosário, na Argentina.
Para ajustar a produção à futura demanda, um turno do MVA deve ser extinto. Restaria a São José, além do Classic, a fabricação da picape S10, de motores e transmissões, além de CKDs (veículos desmontados para exportação). A planta, que já empregou 12 mil na década de 90, hoje tem pouco mais de 8.000 funcionários.
O prefeito Eduardo Cury (PSDB) admite o risco de demissões e afirmou que estuda alternativas ao problema. A GM passa por um processo de reestruturação de produção no país, tema que já teria sido abordado com funcionários em reuniões internas. O sindicato da categoria diz não ter sido comunicado da mudança, mas garantiu que luta para que novos investimentos sejam feitos em São José.
“Em maio, temos a discussão sobre a PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) e nela a GM tem que apresentar a previsão de metas de produção. Se houver paralisação da fabricação desses veículos, vamos querer que São José concentre a produção do Classic”, disse o presidente eleito do sindicato Antonio Ferreira Barros, o Macapá, que toma posse no final de maio.
O metalúrgico não acredita na extinção de um dos turnos do MVA e garante que, se toda a produção do Classic ficar em São José, o total de empregados no setor não seria suficiente para dar conta da demanda, de cerca de 140 mil carros por ano.
O diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Almir Fernandes, diz temer que a fábrica fique ociosa até um novo projeto ser implantado na cidade. “Se em 2008 os projetos que a GM apresentou tivessem sido aprovados, essas mudanças na fábrica já teriam sido feitas. Um projeto demora para ser implantado e esse período não se recupera mais. Se o trabalhador não tem o que fazer na fábrica, todos sabem o que irá acontecer”, disse.
Macapá se defende e alega que a GM não apresentou projetos ao sindicato em 2008. “O único projeto apresentado foi aprovado, que foi o da S10. O sindicato tem total interesse em discutir a situação da fábrica, mas não tivemos resposta do pedido de reunião com a GM”, disse o sindicalista.
Se na unidade de São José há demissões quase que diárias, a situação na planta do ABC é outra. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, disse que a fábrica vem admitindo para atender à demanda dos novos projetos. “Desde 2011, cerca de 1.700 pessoas foram contratadas e, em março (de 2011), tivemos a abertura do terceiro turno”, disse.
Silva destaca que teve que buscar investimentos que inicialmente foram oferecidos a São José. “Não houve acordo com São José e essa produção iria para fora do país. Consegui trazer esses projetos depois de reuniões com a empresa.”
As minivans Zafira e Meriva chegaram a São José em 2001 e 2002, respectivamente. O projeto PM7, que desenvolveu o veículo substituto dos modelos, chamado de Spin, tem previsão de ter a produção iniciada no ABC até agosto. A direção da GM foi procurada ontem, mas não comentou o assunto.
O Vale