Comer, beber e comprar. Empresas de São José dos Campos estão investindo na abertura de espaços de convivência para fidelizar os clientes, atrair novos consumidores e agregar valor ao negócio original. A medida não sai barata. Seis lojas consultadas por O VALE gastaram, em média, cerca de R$ 3,6 milhões para abrir áreas de lazer.
Por outro lado, nenhum dos empresários disse que se arrependeu do investimento. Pelo contrário. Eles estão satisfeitos com o rendimento desses espaços. No sábado da semana passada, o empresário Enso Roberto Guratti, 41 anos, inaugurou o bar temático da loja Motoshopping, instalada na região central de São José Vendendo motos desde 1994, ele e um sócio resolveram abrir um bar conjugado à loja para atender os motociclistas e os apaixonados por velocidade em duas rodas. O espaço tem pneus nas paredes, ícones de motos e uma imensa guitarra vermelha na entrada, no melhor clima rock’n’ roll.
O Moto Café oferece café da manhã, lanche, almoço, jantar e porções e bebidas para o fim de noite. “As pessoas estão adorando o bar. O clima é ótimo, o lugar é agradável e o público entendeu o nosso espírito. É um grande negócio”, disse Guratti, que irá receber mulheres motociclistas com as respectivas mães na garupa no Dia das Mães. “Aqui dá para diversificar o nosso atendimento”, disse.
Na região oeste de São José, três lojas de roupas finas decidiram abrir um espaço conjunto e oferecer café e guloseimas aos clientes em pleno ar livre. Com seu ambiente tranquilo, amplo e confortável, o Maison du Café do Boulevard Depot agrada até quem não é cliente das lojas. Mas, segundo o gerente Rodrigo Bernardino, 27 anos, não demora muito para sê-lo. “O café agrega muito para as lojas”, afirmou.
“É um lugar muito gostoso de passar o tempo. E não tem jeito. A pessoa acaba olhando as vitrines e até comprando alguma coisa”, disse Ligia Cecatto, 46 anos, cliente do café. Desde 2001, o empresário Sérgio Baccho, dono das livrarias Maxsigma, sabe o valor da área de convivência. Apaixonado pelo tradicional café italiano Illy, ele colocou cafeterias oferecendo a bebida nas duas lojas que tem em São José, nos shoppings Colinas e Vale Sul. “Não dá para separar mais os livros do café.”
Quem vai comprar pão no supermercado Villarreal encontra um espaço aberto para o lazer dos clientes. Todas as cinco unidades da empresa na região contam com uma loja da franquia Fran’s Café, que oferece lanches e bebidas aos frequentadores do supermercado.
“Antes ou depois das compras, muitas pessoas marcam encontros no café”, explicou o gerente Saulo Pereira. Ainda em São José, lojas de vinho e grandes empreendimentos estão inovando com seus espaços de convivência. Abrir um espaço de convivência é uma boa sacada das lojas, que ajuda a fidelizar clientes, conquistar outros consumidores e diversificar o negócios, mas precisa obedecer algumas regras básicas.
Essa é a opinião de José Fábio Tau Júnior, gerente regional do Sebrae de São José dos Campos. Para ele, a primeira delas diz respeito ao planejamento. O espaço adicional tem que ser encarado como um novo negócio, exigindo um plano, investimentos e equipe treinada. Outra orientação é formatar a área de convivência de acordo com perfil do cliente da loja original. “Não dá para misturar muito os públicos, sob pena de perder clientes em ambos os negócios”.
Segundo Tau Júnior, obedecidas essas dicas básicas, o investimento nesse tipo de espaço vale a pena. “As áreas de convivência agregam valor ao negócio original. Mas é preciso decidir se a marca será mantida em ambos os espaços e treinar muito bem a equipe de atendimento.” Tendo dobrado o faturamento depois da abertura de um bar e espaço de degustação, a loja de vinhos Belaggio Vini resolveu inovar. Instalada no Esplanada, na região oeste de São José, a casa oferece “delivery de pessoas” para os clientes. “Buscamos e levamos em casa”, disse Tassyani Jardim, a dona do local. “E só cobramos os 10% da conta deles”.
O empreendimento de luxo da Alphaville, que está sendo construído em São José, terá um centro comercial próprio. Serão 54 lotes para comércio e serviços e outros 10 multiuso. “Quanto maior a variedade e opções os empreendimentos oferecem, mais procurados e valorizados eles se tornam”, disse Fábio Valle, diretor comercial e de novos negócios da Alphaville.
O Vale
Publicado em: 22/04/2013