Em nova Lei Federal, exige que Caminhoneiro descanse

As exigências definidas na nova lei publicada pelo governo federal sobre a jornada de trabalho dos caminhoneiros estão muito distantes da realidade do transporte de cargas sobre rodas. Foi o que constatou O VALE ao percorrer a Rodovia Presidente Dutra e visitar postos de combustíveis da RMVale para conversar com caminhoneiros.

Principal exigência da Lei 12.619, que entrou em vigor no último dia 2 de maio, o período de descanso obrigatório entre as viagens é impraticável por um simples motivo: não há local apropriado para isto. A lei estabelece uma pausa de 30 minutos a cada quatro horas de viagem e 11 horas de descanso por dia. Após uma greve nacional no fim de julho, as multas para os motoristas foram suspensas até 11 de setembro.

No trecho da Rodovia Presidente Dutra entre as cidades de Jacareí e Queluz, não há locais exclusivos para descanso dos motoristas que se utilizam do pátio dos cerca de 25 postos de combustíveis do trecho. “Muitos também não deixam a gente parar. Tem de consumir algo, senão somos obrigados a sair”, disse o caminhoneiro catarinense Ivens Spiess, 37 anos.

Por meio de nota, a NovaDutra informou que, a pedido da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), vem realizando estudos preliminares para a implantação de áreas de descanso para caminhoneiros às margens da Rodovia Presidente Dutra.

“Nasci e vivi umas três vezes”. O relato é do caminhoneiro Célio Buceri, 61 anos, que percorre diariamente o trecho da Dutra na região, fazendo entrega de peças nas montadoras. Ele conta que já sofreu nove assaltos. “Já fui amarrado dentro do caminhão, com uma arma apontada para a cabeça.” A Polícia Rodoviária Federal foi procurada por O VALE durante toda a semana passada, mas não divulgou os dados referentes aos crimes que são cometidos contra os caminhoneiros.

Segundo informações da NovaDutra, nos primeiros sete meses deste ano ocorreram 625 acidentes envolvendo caminhoneiros no trecho do Vale do Paraíba cortado pela rodovia. O número é11% menor na comparação com o mesmo período de 2011.

Ainda de acordo com o balanço, de janeiro a julho de 2012 um total de 220 motoristas de caminhão ficaram feridos e 10 morreram em acidentes. No mesmo período do ano passado, foram 22 mortes. O número de acidentes foi um dos argumentos para a implantação da Lei 12.619.

O Vale