Um mês após a reintegração de posse do Pinheirinho, mais de 300 ex-moradores da área permanecem alojados de forma improvisada em abrigos da Prefeitura de São José dos Campos. Eles reclamam de dificuldades para alugar imóveis com o auxílio-moradia de R$ 500 por mês oferecido pelo município em parceria com o governo do Estado.
Outro entrave seria a necessidade de comprovante de renda e do pagamento antecipado de três meses de aluguel, exigidos pela maioria das imobiliárias. A área do Pinheirinho foi desocupada pela Polícia Militar no dia 22 de janeiro, em cumprimento a uma ordem de reintegração de posse expedida pela Justiça em favor da massa falida da empresa Selecta, dona da gleba.
No próximo dia 28, o acampamento completaria oito anos. Cerca de 1.300 famílias viviam na área. A prefeitura montou quatro abrigos em ginásios para acolher os ex-moradores do Pinheirinho. Dois deles permanecem abertos, nos bairros Jardim Morumbi (onde estão 137 pessoas) e Vale do Sol (que concentra outras 168).
Os sem-teto reclamam da alimentação oferecida pela prefeitura e das condições precárias de higiene dos locais. “A prefeitura deveria dar três cheques de uma vez ou ser a nossa fiadora. Ninguém está aqui porque quer. A gente precisa”, disse o auxiliar de manutenção Cícero Lopes, 39 anos.
A operadora de telemarketing Rosalva das Graças Silva, 55 anos, diz que conseguiu um imóvel, mas não o cheque do aluguel social. A demora, segundo ela, fez com que a casa fosse alugada para outro. “Eles fizeram uma confusão e colocaram meu nome em dois registros diferentes.”
O líder do movimento sem-teto, Valdir Martins, o Marrom, endossa as críticas. “A prefeitura só oferece o necessário, que é almoço e jantar. Até de leite agente precisa de doação”, afirmou. A prefeitura promete começar hoje uma força-tarefa para fechar os abrigos restantes em até três semanas.
“Quarenta servidores vão fazer um trabalho especial com cada uma das famílias para resolver o problema delas”, disse o secretário de Desenvolvimento Social João Francisco Sawaya de Lima, o Kiko. “Se necessário, o albergue também poderá ser usado para abrigar essas pessoas.” Kiko ressalta que as famílias alojadas nos abrigos representam menos de 10% do total. “O saldo é positivo. A assistência que a prefeitura oferece é de primeira qualidade.”
O Vale