Vendedores ambulantes instalados no Centro de Comércio Popular, o camelódromo, da Praça do Sapo, na região central de São José dos Campos, iniciaram um movimento de retorno às ruas. Eles estão recolhendo assinaturas em um abaixo-assinado que servirá de base para uma ação civil pública a ser ajuizada junto ao Ministério Público Estadual.
A medida deverá ser impetrada até a próxima semana. A ação vai questionar judicialmente a Prefeitura de São José e pedir a volta dos ambulantes para as ruas. A iniciativa já tem a adesão de 60% dos 42 profissionais liberais instalados no cameló-dromo. Os termos da ação estão sendo estudados por advogados do gabinete do vereador Tonhão Dutra (PT).
Os vendedores ambulantes alegam prejuízos de até 80% com a transferência para o camelódromo. Márcio José Queiróz Oliveira, 34 anos, instalado em um box no camelódromo da Praça do Sapo, afirmou que pretende até mudar de ramo.
“Vou trabalhar como servente de pedreiro. Minha mulher vai passar a cuidar da lojinha. Só que ela terá que levar meus dois filhos, de 7 anos e de 5 meses, para o trabalho”, disse. Segundo ele, o movimento de clientes no camelódromo é muito inferior ao das ruas.
“Eu faturava cerca de R$ 200 por dia quando tinha a banca instalada na rua Coronel José Monteiro. No cameló-dromo não consigo nem R$ 50”, disse Oliveira. Situação semelhante é narrada pelo comerciante vizinho, Severino Ramos da Silva, 48 anos. “Eu conseguia faturar até R$ 3.000 por mês quando estava na rua. Minhas vendas caíram 80%”, garante Severino, em meio aos acessórios para celulares que vende.
Os profissionais liberais foram retirados das ruas no início de maio. A iniciativa integra o plano estratégico Centro Vivo, idealizado pela Prefeitura de São José. Segundo a diretora do Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), Cynthia Gonçalo, o programa tem por objetivo a requali- ficação do centro.
“A criação do Centro de Comércio Popular devolveu para a população as calçadas e praças que antes estavam ocupadas pelos vendedores informais”, disse. Em função do feriado de ontem, ninguém foi encontrado na Prefeitura para falar sobre a ação a ser impetrada pelos camelôs.
O Vale