Sempre em grupinhos de três ou quatro pessoas, os adolescentes que se concentram em frente aos shoppings de São José dos Campos têm uma opinião em comum: a falta de opções de lazer aos finais de semana. A cena deixou de ser novidade na cidade. Em sua maioria menores de idade, na faixa dos 13 aos 17 anos, eles se aglomeram na entrada dos centros de compras e, quando são expulsos, acabam ‘migrando’ para outros lugares.
Na última semana, O VALE levantou a questão após as denúncias de pais que alegaram supostas abordagens discriminatórias por parte do Vale Sul Shopping. Eles alegam que os filhos estariam sendo expulsos do local sem motivo aparente, e que o shopping estaria agindo de forma arbitrária ao exigir o RG nas portarias.
O Conselho Tutelar informou que já encaminhou um ofício para o Ministério Público, e o shopping alega que a abordagem faz parte de uma campanha educativa. Para o estudante M.P.R., 13 anos, que costuma ir aos shoppings às sextas-feiras, só resta esse tipo de diversão.
“Antes eu ia no Colinas, mas agora vou para o Vale Sul, porque é mais perto de casa. Eles têm que entender o nosso lado, porque não temos para onde ir”, disse. Segundo ele, a falta de opções de lazer os ‘obrigam’ a tentar se divertir com os amigos mesmo do lado de fora dos shoppings. “A gente fica na calçada, é o jeito”.
A mesma opinião é dividida por M.D.L., de 15 anos, que também frequenta o Vale Sul todas as sextas-feiras. “Venho sempre com os amigos. Se não vier para o shopping, para onde vamos?”. Outros shoppings da cidade já enfrentaram situações semelhantes, nas quais os adolescentes também eram os principais ‘alvos’ de ações que envolviam blitz realizadas pela Polícia Militar e outros órgãos competentes.
Para a psicóloga comportamental Letícia de Oliveira, a falta de um espaço específico para os adolescentes se encontrarem faz com que se aglomerem em espaços públicos e, às vezes, inapropriados. “Ele sentem essa necessidade de estar sempre em grupo, descobrindo novas tendências, buscando influências e tentando se espelhar uns nos outros. Dessa forma, eles acabam se expondo em estacionamentos, shoppings e praças”, afirmou a psicóloga.
Segundo ela, o fato de estarem na rua acaba distorcendo a imagem que passam à sociedade. “As pessoas os vêm como transgressores, e a consequência disso é um comportamento ainda mais agressivo no futuro”, disse Letícia. Ela também defende uma participação mais intensa dos pais no lazer dos filhos. “Eles devem acompanhar, saber para onde eles estão indo, com quem, além de impor horários e estabelecer limites. Mas muitos são omissos” , afirmou.
Para o secretário da Juventude, Alexandre Blanco Nema, não faltam opções de lazer na cidade, mas sim o interesse dos adolescentes em participar do que é oferecido. “Temos diversas atividades voltadas para esse público, inclusive aos finais de semana e até às 22h. Temos ginásios, centros comunitários, mas eles preferem os shoppings”, afirmou o secretário.
O Vale