Bem resolvida em relação a seu porte físico, a advogada Rosana Braga, 30 anos, conta que sempre foi gordinha e que isso nunca foi um problema em sua vida. “Desde muito jovem aprendi a me aceitar como eu sou.” O único momento que o manequim acima da média se torna um incômodo é na hora de renovar o guarda- roupa. “Adoro moda e sempre gostei de me vestir bem. O problema é que era muito difícil encontrar a peça que achava bonita no tamanho que precisava. E já passei muito constrangimento por causa disso”, afirmou.
Essa realidade está começando a mudar. De olho no número cada vez maior de pessoas com medidas grandes segundo o Ministério da Saúde, quase 50% da população brasileira está acima do peso e 15% é considerada obesa muitos empresários estão investindo no mercado de roupas denominado plus size.
A estimativa de analistas é que o setor cresça em média 10% ao ano. Em São José, pelo menos 10 lojas oferecem esse tipo de produto e uma é especializada em peças para esse público. Parece pouco se comparado aos cerca de 15 mil estabelecimentos comerciais da cidade, mas é muito se comparado ao que existia há cerca de dois anos. “Na época só existia roupas maiores para senhoras”, disse a estilista e modelo Débora Fernandes.
Outro exemplo dessa mudança foi a realização do primeiro desfile de modelos plus size, na edição deste ano do Oscar Fashion Day maior evento de moda da região, ocorrido entre nos dias 13 e 14. O termo plus size começou a se popularizar no país há cerca de cinco anos e é usado para substituir de forma mais descolada a indicação para o tamanho ‘extra grande’.
Isso porque as roupas em tamanho especial sempre existiram, o que mudou foi a modelagem e a adaptação às tendências da moda, “No passado as peças serviam para disfarçar o excesso de peso, apagando a mulher, hoje o objetivo é realçar as qualidades com elegância”, afirmou Silvia Eloy, orientadora de moda e gerente de uma loja especializada.
Um mudança que agradou principalmente o público mais jovem. “Antes a menina se sacrificava para caber na roupa que ela gostava, hoje ela quer que a roupa da moda se adapte ao corpo dela”, disse Débora. Mas além de oferecer opções mais modernas, a modelagem é outra preocupação das confecções que atendem ao público plus size. As roupas precisam se adaptar e respeitar as características das mulheres gordinhas.
Além do peso e altura, o corpo da brasileira é dividido basicamente em três biotipos, com quadril, barriga ou seios grandes. “E na gordinha essas nuances são destacadas, por essa razão a roupa precisa respeitar isso”, disse Eloy. A loja Program, Vale Sul Shopping, é a única da cidade totalmente dedicada à moda feminina Plus Size.
Inaugurada há um ano e meio, a loja oferece desde biquinis a vestidos de festas. Com a diferença de atender manequins a partir do 44 até o 54. “Algumas clientes até se emocionam quando experimentam as roupas e descobrem que podem ficar elegantes, mesmo com um manequim fora do padrão”, afirmou.
O crescimento do mercado já chama a atenção de outros empresários. A comerciante Márcia Carina Vaz de Oliveira, dona de duas lojas de roupas femininas em Aparecida, está interessa em investir na linha plus size, mas tem dificuldades em encontrar fornecedores. “Desde que montei a loja procuro por peças maiores, mas não consigo achar fornecedores que tenham o que as clientes procuram.”
O Vale