Desapropriação para Obras do Aeroporto Tamoios começam

A Prefeitura de São José dos Campos publicou na sexta-feira (2) os últimos decretos que declaram de utilidade pública seis áreas particulares que serão desapropriadas para a construção da via de ligação Aeroporto–Tamoios. Essas áreas totalizam 76 mil metros quadrados.

A ligação Aeroporto-Tamoios integra o pacote de melhorias da ligação Dutra-Carvalho Pinto, realizado em parceria com o Governo do Estado. A desapropriação deverá custar cerca de R$ 10 milhões e é a contrapartida do Município para viabilizar as obras. O processo foi iniciado neste ano.

A nova via terá 1.550 metros de extensão e vai ligar a Avenida João Rodolfo Castelli à antiga Avenida Brigadeiro Faria Lima, facilitando o acesso à Rodovia dos Tamoios e desafogar o tráfego da Avenida dos Astronautas e o acesso à Rodovia Presidente Dutra (Viaduto Bandeirantes). A obra beneficiará os moradores de diversos bairros da região sudeste. O projeto contempla uma via de sentido duplo com duas faixas de rolamento em ambos os lados, calçadas para pedestres e ciclovia segregada em um dos sentidos.

Desapropriação de área é decreto de Geraldo Alckmin

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou ontem um decreto para a desapropriação de 250 propriedades às margens da Rodovia dos Tamoios (SP-99). As glebas serão atingidas pelas obras de duplicação do trecho de planalto da estrada, iniciadas neste mês.

A desapropriação abrange uma área de 1,670 milhão de metros quadrados (equivalente a 167 campos de futebol), e deve consumir R$ 40 milhões dos cofres públicos. O valor soma-se aos R$ 557,4 milhões que serão pagos ao consórcio formado pelas empresas Encalso e S.A. Paulista, que é responsável pela obra de duplicação no trecho de planalto.

A O VALE, o diretor-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), Laurence Casagrande Lourenço, informou que o governo do Estado começa, a partir de agora, a negociar com os donos das glebas os valores das indenizações.

“Nós já estamos conversando com esses proprietários desde o ano passado, mas eu só posso negociar depois que o decreto é emitido”, disse. “Iremos pagar o valor de mercado a esses proprietários, a partir de laudos feitos por peritos externos, contratos”, emendou.

Lourenço afirmou que 70% dos terrenos afetados são rurais. “O resto fica mais próximo a Paraibuna, numa área com características mais urbanas.” O governo Alckmin, segundo Lourenço, deverá contabilizar agora a quantidade de pontos comerciais às margens da Tamoios que podem ser atingidos pela desapropriação.

Na ocasião do anúncio do início das obras, no final do mês passado, o presidente da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte e prefeito de São José, Eduardo Cury (PSDB), externou preocupação com os comércios, já que muitos são irregulares.

“Vamos tratar essas questões caso a caso, com estrita observância da legalidade. Também não é justo que contribuinte pague por alguém que explorava uma área sem dar ao Estado nenhum direito”, afirmou Lourenço. As desapropriações, segundo Lourenço, serão necessárias, principalmente, para suavizar subidas e descidas e corrigir traçados muito sinuosos.

“Essas desapropriações não acontecem ao longo da faixa de domínio, e sim em que eu tenho que aumentar cortes ou aterros, retificar traçados.” Uma dessas áreas será o km 18, na altura da Obra Social Rosa Mística.
“A curva ali é muito fechada, vamos abrir essa curva, sendo necessária a desapropriação”, disse Lourenço.
No local, a desapropriação não atingirá a Rosa Mística.

As obras de duplicação do trecho de planalto da Tamoios, iniciadas no começo deste mês, devem ser concluídas até dezembro de 2013. Promessa recorrente dos governos tucanos desde 1994, a duplicação da Tamoios nasceu na campanha do governador eleito naquele ano, Mário Covas, a partir de demanda apresentada pelos prefeitos do Vale e Litoral.

Depois, ela voltou a ser prometida pelo próprio Alckmin, em 2002, posteriormente eleito, e por José Serra, em 2006, também eleito.

O Vale

Prefeitura dá inicio a desapropriação para criação de parque

A Prefeitura de São José dos Campos iniciou processo de desapropriação de uma área denominada Fazenda Boa Vista para a implantação de um parque municipal. A área, de 125,5 mil metros quadrados, está encravada no meio do bairro Altos de Santana, na região norte. Na gleba, há uma antiga sede de fazenda, imóvel de dois pavimentos e uma outra residência menor. Os dois imóveis somam 910 metros quadrados.

Também está identificada no terreno, que possui declividades e uma grota com mata, uma área de proteção permanente de 19,2 mil metros quadrados. De acordo com a prefeitura, a gleba abriga ainda uma área de mata de 1.634,25 metros quadrados.

O projeto do Parque Boa Vista foi elaborado pela Secretaria de Planejamento Urbano e prevê implantação de trilhas de caminhadas, áreas para exercícios físicos com circuito de arborismo e pista de mountain bike para aproveitar a topografia íngreme da área.

O secretário de Planejamento, Oswaldo Vieira de Paula Júnior, disse que a área é “privilegiada”. “Ela está localizada no topo de uma colina do bairro e proporciona uma vista muito bonita da cidade.” Segundo ele, o plano prevê ainda a construção de um mirante no parque.

A sede da antiga fazenda vai abrigar a administração do parque, sanitários e um restaurante com capacidade para 75 mesas. A implantação do parque será feita com recursos do BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (leia texto nesta página).

Moradores do entorno do futuro parque apoiam a iniciativa da prefeitura.“Acho um projeto bacana, porque a parte de cima do bairro não tem lazer”, disse a dona de casa Elen Cristina Colen Mariano, 22 anos. Segundo o aposentado Agenor Lourenço, 62 anos, havia “muitas histórias sobre o destino da gleba”. “Primeiro, falaram que seria um cemitério, um centro para idosos. Acho que parque é melhor.”

Com recursos financeiros do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), a Prefeitura de São José dos Campos planeja implantar dois parques públicos em 2012, nas regiões norte e leste, consideradas carentes de áreas verdes e de lazer.

A Secretaria de Planejamento iniciou processo de seleção de consultores para elaboração dos projetos de engenharia, arquitetura e executivo para os parques, com a estimativa de custos. A ampliação de espaços públicos verdes e de lazer é uma das propostas do convênio firmado pelo município com o BID este ano para a contratação de um empréstimo de US$ 85,9 milhões com o organismo internacional.

Parque. Além do Parque Boa Vista, o governo Eduardo Cury (PSDB) planeja implantar um parque entre o Jardim Itapuã e Galo Branco, no distrito de Eugênio de Melo, na zona leste.

O parque terá cerca de 140 mil metros quadrados com trilhas de caminhadas, ciclovia, recreação infantil e equipamentos esportivos.Atualmente, a cidade possui sete parques públicos.

O Vale

R$ 84 Milhões, custo da desapropriação de Pinheirinho

A desapropriação da área que abriga o acampamento sem-teto do Pinheirinho, na zona sul de São José dos Campos, pode custar pelo menos R$ 84 milhões. Segundo a Justiça, esse é o valor venal da gleba cifra usada pela prefeitura como base para o cálculo do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Laudos encomendados pela massa falida da empresa Selecta S/A, proprietária da área, apontam valores ainda maiores, entre R$ 130 milhões e R$ 180 milhões. Localizado no Residencial União, o terreno do Pinheirinho tem cerca de 1,3 milhão de metros quadrados. O local abriga hoje 1.577 famílias sem-teto.

A desapropriação da área seria o primeiro passo para a transformação do acampamento em um bairro regularizado, principal reivindicação dos invasores. A Prefeitura de São José já informou que não planeja adquirir a gleba. Lideranças da ocupação ainda tentam garantir recursos do governo do Estado e da União para viabilizar o projeto.

Em julho, a Justiça de São José concedeu liminar determinando a desocupação do Pinheirinho. A ordem de reintegração de posse pode ser cumprida a qualquer momento, segundo o Judiciário. Segundo a juíza da 6ª Vara Cível, Márcia Faria Mathey Loureiro, que concedeu a liminar em favor da Selecta, os dois laudos de avaliação da área foram apresentados pela massa falida.

“Não são laudos de peritos judiciais, mas de empresas idôneas”, disse. A juíza disse que os prazos para uma negociação envolvendo uma possível compra da área se esgotaram com a decisão judicial.

“A negociação efetiva não aconteceu e nunca foi fechada uma proposta para a compra da área.” Ontem, a Prefeitura de São José recebeu lideranças do movimento sem-teto e voltou a descartar qualquer ajuda financeira para a regularização da gleba.

As lideranças do Pinheirinho, porém, ainda confiam n o apoio do governo federal para garantir os recursos necessários à aquisição do terreno. “Eu acho que não é o momento de discutir valores, mesmo porque eles não estão nos autos do processo de reintegração de posse e só terão validade se feitos por um perito judicial”, disse o advogado dos sem-teto, Antonio Donizete Ferreira, o Toninho.

A dívida de IPTU da gleba chegaria a R$ 15 milhões. Segundo ele, os recursos para aquisição da área foram garantidos pelo Ministério da Cidade, mas sua liberação depende da elaboração do projeto urbanístico da ocupação. Inicialmente, o Governo do Estado chegou a anunciar que pretende realizar o projeto urbanístico, mas após a determinação da Justiça de reintegração de posse, tem evitado falar sobre o assunto.

Toninho afirmou ainda que atualmente, as famílias ocupam cerca de 60% da área, que também tem áreas de proteção ambiental.

O Vale