Aposta no Mercado Brasileiro, aponta alta nas vendas na Embraer

A Embraer espera dobrar a participação de seu segmento executivo na receita da empresa em 2012. A projeção da Embraer é de que em 2012 a aviação executiva represente 20% de sua receita global sendo que dados do terceiro trimestre de 2011 mostram que o segmento equivale atualmente a 9% da receita.

Para dinamizar suas vendas, a empresa aposta no mercado brasileiro, que irá demandar mais de 550 jatos executivos nos próximos 10 anos, com negócios gerados na ordem de US$ 8 bilhões. “Não temos uma meta específica de quanto deste mercado podemos ter, mas pelo nosso produto, ser líder no Brasil é um objetivo possível”, disse o diretor de marketing e vendas da Embraer para América Latina, Breno Corrêa.

A confiança do executivo é embasada no desempenho da empresa no setor. Dos 700 jatos executivos no Brasil, a Embraer fabricou 100, equivalente a 14%. No entanto, dos últimos 300 jatos vendidos no país, um terço foi da fabricante de São José. “O crescimento do mercado de aviões executivos no Brasil é um sinal positivo, de amadurecimento da economia do país”, avalia Corrêa. Dos 100 jatos no Brasil, 15 são de grande porte (Legacy) e 85 menores (Phenom).

O Vale

Sem contrato, Embraer ver novo rumo a concorrência

O cancelamento da compra de 20 aviões Super Tucano da Embraer pela Força Aérea dos Estados Unidos pode influenciar os rumos do programa F-X2, para a compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira. Especialistas do setor de defesa disseram ontem que, em tese, não haveria vínculo entre os dois processos, mas que o governo brasileiro pode rever a proposta da norte-americana Boeing, que disputa o fornecimento dos caças ao Brasil com o seu F-18 Super Hornet.

Também estão no páreo a francesa Dassault, com o Rafale, e a sueca Saab, com o caça Gripen. A ‘novela’ sobre a compra se arrasta desde o governo FHC. “Em princípio, não vejo ligação entre os dois processos. No entanto, a decisão cabe ao governo brasileiro”, disse Expedito Bastos, especialista em assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).

Na avaliação do professor, a possibilidade de o governo brasileiro “endurecer” com a Boeing não é uma hipótese a ser descartada. “Temos que aguardar os próximos dias para saber como o governo irá reagir”, afirmou. Para o especialista, a decisão da Força Aérea dos Estados Unidos já “era previsível”. “A pressão política lá é muito forte”, disse.

O cancelamento da encomenda, no valor de US$ 355 milhões, foi anunciada anteontem em Washington pela Força Aérea norte-americana. O motivo teria sido “problemas de documentação”.

No entanto, a decisão teria mesmo sido motivada sobretudo pela pressão política da oposição republicana e de políticos do Estado de Kansas, onde está instalada a sede da Hawker Beechcraft, a rival americana da Embraer derrotada na escolha da aeronave. Ontem, a Força Aérea dos Estados Unidos informou que agora tem pressa na realização de uma nova licitação e que pretende agir rapidamente para refazer a concorrência por aviões de combate leve de uso no Afeganistão, para garantir que o orçamento para compra não expire no final de 2013.

A questão pode ser alvo dos encontros que executivos da Boeing terão nos próximos dias com o governo brasileiro. O cancelamento da compra das aeronaves acontece a uma semana da visita de um alto executivo da americana Boeing, no esforço de vender seu caça à FAB.

A Boeing estaria disposta a melhorar a oferta de transferência de tecnologia, incluindo propostas de desenvolvimento conjunto de produtos aeronáuticos, caso seja escolhida como a fornecedora dos caças à FAB. Nos próximos dias, chega ao Brasil o presidente da Boeing Military Aircraft, Cristopher Chadwick, que comanda o braço da empresa para o setor de defesa. Ele terá encontros com autoridades em Brasília.

Também ontem circularam informações de que não estaria descartada a possibilidade de a Embraer contra-atacar e ingressar na Justiça norte-americana para tentar reverter a decisão. A empresa prefere aguardar para definir próximos passos. “Na minha opinião, essa questão ainda não está finalizada. Acho que a Embraer tem que recorrer”, disse ontem o diretor regional do Ciesp em São José, Almir Fernandes.

O Vale

Balanço positivo nas exportações em São José

As exportações de São José dos Campos cresceram 34% em outubro em relação ao mesmo mês de 2010. Em outubro deste ano, a cidade exportou US$ 529,4 milhões contra os US$ 393 milhões de outubro de 2010. Na comparação mês a mês, houve queda de 3% em relação a setembro de 2011.

As vendas da Embraer ‘salvaram’ o desempenho da cidade, a única dos três maiores municípios do Vale a registrar, em outubro, desempenho melhor que em 2010.

O setor aeronáutico representa mais de 60% do montante exportado por São José. Além de aeronaves prontas, o município envia para o exterior componentes de aviões, como trens de pouso e fuselagem. “A Embraer define a balança comercial da cidade. O avião é, talvez, o produto de maior valor agregado do país”, afirmou o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São José, Almir Fernandes.

O setor de estação base para telefonia, liderado pela Ericsson, também registra bons números em 2011. O volume de exportações na área acumula crescimento de 241% de janeiro a outubro desse ano, em relação aos dez primeiros meses de 2010.

Outro setor com representatividade nas exportações de São José é o automotivo, encabeçado pela cadeia produtiva da General Motors. A recessão nas vendas freou as exportações. Ainda assim, o segmento já vendeu para o exterior o equivalente a R$ 956 milhões.

O economista do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-sociais) da Universidade de Taubaté Edson Trajano avalia que a crise econômica na Europa acaba influenciando na desaceleração do montante exportado no ano.

“Na Europa não há previsão de recuperação mais sustentável nos próximos dois anos. Todos os projetos são de longo e médio prazos. Para que São José volte a exportar o que exportava em 2007, o mercado internacional tem que melhorar”, disse Trajano.

Os países do Mercosul, em especial a Argentina, são o principal destino dos produtos exportados por São José, com 26% do total. A União Europeia, principal destino em 2010, ocupa o segundo lugar, com 21% das exportações. Os Estados Unidos respondem por 16% do total.

São José

Exportações em outubro 2011: US$ 529,4 milhões
Outubro 2010: US$ 393 milhões
Acumulado no ano: US$ 4,3 bilhões
Melhores setores: aeronaves, componentes de aviões e estação base para telefonia celular

O Vale

Embraer vende 8 caças Super

A Embraer, de São José, venceu licitação do governo da Indonésia e assinou contrato para a venda de oito caças Super Tucano para a Força Aérea do país asiático.

Esse foi o primeiro contrato firmado para a venda do Super Tucano fora da América Latina. O anúncio oficial foi feito ontem e os valores não foram divulgados. O processo de licitação foi realizado em novembro de 2010.

Os Super Tucanos substituirão a atual frota da Força Aérea Indonésia composta pelos OV-10 Broncos, produzidos pela empresa norte-americana Rockwell e que não executariam todos os procedimentos que a aeronave brasileira.

Pacote. O contrato assinado inclui, além das aeronave, estações de apoio de solo e um pacote logístico integrado. Outro benefício do acordo é um sistema de treinamento sobre o Super Tucano.

As entregas começam em 2012. “Este contrato representa um passo ousado para que o Super Tucano deixe a sua marca no mundo”, completa Ferreira Neto.

Presença. A Embraer já entregou 152 modelos do Super Tucano. O caça está presente nas forças aéreas do Brasil, Chile, Colômbia e, agora, Indonésia.

Recentemente, a empresa brasileira firmou parceria com a Sierra Nevada, dos Estados Unidos, para concorrer a uma licitação para a venda de 20 Super Tucanos ao programa da Força Aérea norte-americana LAS (Light Air Support) que, entre outras missões, realiza operações no Oriente Médio, como voos de reconhecimento de terrenos e controle das fronteiras no Afeganistão.

Números. Segundo a Embraer, o Super Tucano acumula 180 encomendas, das quais 152 já foram entregues. O valor das vendas do modelo chega a US$ 1,6 bilhão (R$ 2,5 bilhões), sem contar a recente venda para a Indonésia.

A expectativa da empresa é que o total de aeronaves vendidas chegue a 300, o que representaria uma receita de US$ 3,5 bilhões (R$ 5,5 bilhões).

Outros dois negócios envolvem a Embraer na Indonésia e podem representar a venda de 45 jatos comerciais no país. A companhia aérea Sriwijaya Air anunciou em fevereiro que negocia a compra de 20 aviões. Seriam 10 jatos 175 e 10 do modelo 195. O contrato está avaliado em US$ 810 milhões (R$ 1,2 bilhão).

A informação foi divulgada pelo diretor comercial da empresa, Toto Nursatyo, a um jornal de Jacarta, capital da Indonésia. A intenção da empresa também é construir um centro de manutenção da Embraer nas proximidades do aeroporto de Jacarta.