As dificuldades para competir no mercado brasileiro diante da ‘invasão’ de produtos fabricados na China podem levar a multinacional japonesa Panasonic a encerrar uma história de 40 anos em São José. A empresa, que só produz pilhas e baterias na cidade, mas já fez micro-ondas e tubos para televisão, estuda levar a produção para Minas Gerais, atrás da promessa de benefícios fiscais do governo.
A ‘guerra fiscal’ entre São Paulo e Minas Gerais pode ceifar 400 empregos em São José e piorar a situação na região. O Vale do Paraíba acumula perda de 3.250 empregos formais, com carteira assinada, entre janeiro e outubro deste ano, segundo levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Em Taubaté, outra crise na indústria preocupa. Os cerca de 700 trabalhadores da MP Plastics, antiga Pelzer, estão com os empregos ameaçados. Para evitar o fechamento da unidade, a Panasonic aguarda uma redução de impostos e outros benefícios por parte do governo estadual.
A empresa entregou uma pauta de reivindicação para a administração estadual, no dia 3 de dezembro, e aguarda a análise da Comissão de Avaliação da Política de Desenvolvimento Econômico. Fazem parte da comissão técnicos das secretarias de Desenvolvimento Econômico, fazenda e Planejamento.
Sem prazo para a análise ser concluída, a situação na empresa é de tensão e preocupação. A direção não descarta a mudança para Minas Gerais, onde a empresa já possui uma unidade em Extrema. José Mariano Filho, gerente de Relações Externas da Panasonic, disse que a empresa precisa aumentar a competitividade para enfrentar a enxurrada de pilhas e baterias produzidas na China e vendidas no país.
Única fábrica a produzir pilhas alcalinas no Brasil, segundo Mariano Filho, a Panasonic espera reduzir impostos estaduais e municipais para manter a unidade em São José. “Já conversamos com o governo estadual e a decisão está com eles. Buscamos apoio para ficar em São José. Temos custos muito altos para competir com produtos de fora, que chegam a preços baixos.”
O problema da multinacional japonesa foi tratado no final de novembro em uma reunião do secretário de Estado em exercício de Desenvolvimento Econômico, Luiz Carlos Quadrelli, e a empresa. O encontro foi intermediado pelo deputado estadual Hélio Nishimoto (PSDB) e contou ainda com o diretor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São José, Toshihiro Yosida.
Segundo Nishimoto, são grandes as chances de o governo estadual propor medidas para evitar o fechamento da Panasonic em São José. O principal pedido da empresa, ainda segundo o deputado, foi de cortes no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços).
“Estou muito otimista com a situação e espero que o governo encontre uma solução para o problema.” Na avaliação do diretor da regional de São José do Ciesp, Almir Fernandes, a “guerra fiscal” não é boa para nenhum dos lados e expõe a alta taxa de encargos que mina a competitividade do setor industrial. “Não competimos mais com o vizinho do lado, mas com o mercado global. Essa guerra fiscal é política e não é boa para ninguém”, disse.
José Dantas Sobrinho, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos, afirmou que a crise na Panasonic vem desde o final de 2010, quando surgiram os primeiros boatos de fechamento. Ele disse que os trabalhadores serão mobilizados para evitar demissão.
O Vale
Publicado em: 12/12/2012