A prefeitura de São José dos Campos decidiu fechar vãos sob viadutos e passarelas do município usados por dependentes químicos para o consumo de crack. O primeiro viaduto é o Raquel Marcondes, que liga o Jardim Paulista ao Centro. Já foi aberta uma licitação e até dia 6 de janeiro, a prefeitura recebe propostas.
O local é alvo de uma ofensiva da prefeitura e da Polícia Militar para coibir o uso de crack. Por isso, os dependentes já buscam outros locais para usar crack. Ontem, O VALE flagrou três homens usando crack embaixo da passarela Berenice dos Santos, que fica a menos de 500 metros do Raquel Marcondes e liga o Jardim Val Paraíso a Vila Bandeirantes, na região central.
“Já temos estudos e nas passarelas e viadutos em que constatarmos que há dependentes usando drogas, pediremos o fechamento”, diz João Francisco Sawaya, secretário de Desenvolvimento Social de São José dos Campos.
O custo da obra no Raquel Marcondes é R$ 57 mil e a abertura dos envelopes será feita também no dia 6 de janeiro. Caso não haja recurso, as obras devem começar em dois meses e o viaduto tem 30 dias para ser fechado após o início dos trabalhos.
A. 32 anos, é usuário de crack há quatro anos. Morador da zona sul, ele trabalhava com a construção civil e chegou a ganhar R$ 4 mil por mês. “Tinha um Polo e, depois, que comecei a usar crack, vendi. O dinheiro do carro eu torrei em um mês. Chegava a usar 50 pedras por dia.”
A conta seu drama pessoal com uma pedra de crack na mão. Após contar a história, ele desce a passarela Berenice dos Santos e se junta a outros dois usuários que o esperavam para usar crack. “Eu aproveito para fumar no intervalo do trabalho. Uso crack há 15 anos e no ano que vem, vou parar. Quero uma vida nova”, diz M, 27 anos.
Para Sawaya, 90% dos moradores de rua são usuários de crack. Quando um morador de rua é flagrado consumindo drogas, a prefeitura oferece um pacote de tratamento. “Temos 70 vagas para moradores de rua em uma clínica no Parque Interlagos. Após o tratamento, a pessoa ainda recebe um curso profissionalizante e uma bolsa-auxílio de R$ 516 por dois anos.”
Mas, segundo o secretário, nem todos aceitam o tratamento, que é voluntário na cidade. “50 pessoas aceitaram ser internadas. Temos vagas e se houver uma demanda maior, aumentamos”, afirmou.
O Vale