O governo estadual e a Prefeitura de São José dos Campos iniciaram tratativas para a definição de uma proposta com o objetivo de estabelecer a utilização compartilhada do complexo da antiga Tecelagem Parahyba, um dos marcos da industrialização do município. O prefeito Carlinhos Almeida conversou c om o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e disse que o município tem interesse em ocupar parte das instalações da antiga fábrica, que enfrenta processo de degradação. “Conversei com o governador e demonstrei a nossa preocupação com o patrimônio histórico que está deteriorando”, disse Carlinhos. Ele relatou que o município tem interesse em assumir pelo menos parte do complexo e cuidar da manutenção e conservação das edificações.
“O que não pode é continuar do jeito que está. A parte da antiga tecelagem ocupada pelo município está bem cuidada, mas existem áreas degradadas infestadas de cupim”, disse o prefeito. Carlinhos contou que o telhado de um dos galpões caiu e outros correm o mesmo risco. Segundo o prefeito, a intenção do município é implementar no complexo um centro de ciências para a educação, para a formação de jovens, similar aos que existem em outras cidades do país e no exterior. Em São Paulo há a Estação Ciência, mantida pela Universidade de São Paulo, e Estação Catavento Cultural e Educacional. “Quando estivemos na Holanda, conhecemos o Nemo. Acertamos que vamos fazer uma parceria para nos ajudar na criação do centro de ciências”, disse.
Carlinhos afirmou que aguarda um posicionamento do Estado para prosseguir nas negociações. A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Metropolitano informou que há interesse em formatar uma parceria com o município.
Atualmente, o complexo da antiga tecelagem Parahyba é administrado informalmente pelo Erplan (Escritório Regional da Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional) em São José. Em ofício encaminhado ao setor de patrimônio do Estado, o diretor regional do Erplan, Ailton Barbosa, relata que o complexo tem necessidade urgente de obras de restauração, até mesmo para que o imóvel possa ser melhor utilizado, com possibilidade até de abrigar todos os escritórios regionais do Estado sediados no município. O Erplan foi o primeiro órgão estadual a ocupar espaço no complexo após o Estado assumir o patrimônio, em 1995, como pagamento de débitos fiscais da empresa com o Fisco Estadual. Depois outros órgãos se mudaram para as instalações. A Fundação Cultural Cassiano Ricardo, mantida pelo município, foi transferida para o complexo em 1995 e ocupa área de 8.800 metros quadrados do total de 50,7 mil metros quadrados de área construída que forma a antiga tecelagem.
“Creio que o Estado não tem condições de manter todo esse complexo”, disse o diretor regional do Erplan. Na semana passada, O VALE visitou instalações e constatou que muitas edificações estão em processo de deterioração. “Não há plantas das instalações”, disse Barbosa. Em 2004, o complexo da antiga Tecelagem Parahyba foi declarado pelo município “Elemento de Preservação 2”. Nessa categoria, é possível promover modificações internas nas edificações, mas ficam preservadas as fachadas, volumetria e outras características arquitetônicas do complexo. A lei de preservação foi editada pelo ex-prefeito Emanuel Fernandes (PSDB).