A General Motors e o Sindicato dos Metalúrgicos têm reunião decisiva na próxima quinta-feira sobre o destino dos 1.840 trabalhadores da linha de produção MVA, da planta de São José. A empresa apresentou um pacote com 17 propostas em encontros anteriores, o últimos deles na sexta-feira, mas não garantiu a manutenção do emprego e nem a vinda de investimentos ou novos projetos para a cidade.
Ela alega baixa produtividade e excedente de mão de obra e ameaça fechar todo o setor, colocando na rua 1.840 trabalhadores. Desde 27 de agosto, 940 funcionários estão com o contrato de trabalho suspenso, medida conhecida como ‘layoff’ e que termina em 30 de novembro.
As propostas feitas pela GM flexibilizam as condições de salário e de trabalho na planta como medida para “viabilizar possíveis novos investimentos na unidade”. Mesmo sem ter levado as propostas para assembleias, o sindicato rechaçou o pacote por não garantir o emprego e a manutenção do MVA.
“A GM segue a linha de demitir e fechar o setor, o que não concordamos. Defendemos a manutenção do emprego, a ampliação da produção do Classic e a vinda de novos investimentos para a planta”, disse o presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o ‘Macapá’. Por meio da assessoria, a GM disse que não comentaria a negociação.
Ontem, uma caravana com 86 sindicalistas e trabalhadores da GM viajou a Brasília com o intuito de pedir ajuda ao governo para impedir demissões na fábrica da GM. Eles tentarão um encontro hoje com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ou com o ministro do Trabalho, Brizola Neto. “Pediremos ao governo que proíba a GM de demitir, amplie a produção de carros no país, garanta estabilidade no emprego e traga investimentos para São José”, disse Barros.
Na empresa, segundo o relato de funcionários, o clima é de instabilidade e apreensão. Há quem ainda mantenha esperança na manutenção dos postos de trabalho, mas muitos já dão como certa a demissão em massa. “É um desastre psicológico o que ocorre com os trabalhadores, que escutam falar de demissão desde o ano passado. O clima é de instabilidade total”, disse Nilson Araya, funcionário da GM ligado à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), oposição à diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos.
O secretário de Relações do Trabalho de São José, Ricardo Dinelli, disse que as propostas da empresa podem sinalizar para a chance de entendimento. “A prefeitura não pode interferir, mas acreditamos num acordo.” Mesma opinião tem Felipe Cury, diretor regional da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). “Cada lado tem que ceder um pouco em favor do emprego.”
O Vale