Operários da GM decidem parar por algumas horas

Trabalhadores da linha conhecida como MVA da General Motors de São José dos Campos atrasaram ontem o início da produção por duas horas, em protesto às recentes demissões na unidade. O ato marcou o início da campanha do Sindicato dos Metalúrgicos de São José em defesa da manutenção de postos de trabalho na GM.

A manifestação aconteceu dois dias após o vice-presidente de manufatura da GM na América do Sul, José Eugênio Pinheiro, confirmar o enxugamento da unidade de São José em um seminário em São Paulo. Na ocasião, Pinheiro disse que a GM se viu obrigada a realocar seus investimentos para outras unidades do país por falta da competitividade da planta de São José.

O executivo também destacou que cerca de 70% dos custos de manufatura são relativos à mão-de-obra. “Ainda é uma fábrica importante, fazemos a S10, motores e transmissões lá, mas precisamos localizar os novos produtos em plantas mais competitivas”, disse Pinheiro em sua apresentação.

O sindicato não concorda com a avaliação da empresa para o enxugamento na planta e pede uma medida emergencial para manter a atividade do MVA que, há 15 dias, opera com apenas um turno. “Vemos que há uma tentativa da empresa em fechar o MVA e não num futuro muito distante”, disse o presidente do sindicato, Antonio Ferreira Barros, o Macapá.

O MVA produz os veículos Corsa, Meriva e Zafira e, atualmente, emprega cerca de 1.500 trabalhadores. “É muito fácil a empresa pegar dinheiro do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) para ampliar suas unidades no país, anunciar redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e demitir. A contradição é que as rescisões estão sendo pagas com dinheiro público”, afirmou Macapá.

Desde o dia 5 de junho, a GM implantou um PDV (Programa de Demissão Voluntária) com objetivo de ajustar a produção da fábrica ao ritmo de suas vendas. O prazo de adesão ao programa termina no dia 2 de julho. Até o dia 15 de junho, 186 funcionários haviam deixado a fábrica por meio do PDV, em sua maioria, trabalhadores aposentados. O complexo fabril da GM em São José é o maior da montadora na América do Sul e atualmente emprega cerca de 7.500 pessoas.

O Vale