Durante o fim de semana foi concluído a demolição dos barracos

A Selecta S/A concluiu na noite de domingo a demolição das 1.700 casas do acampamento do Pinheirinho, na zona sul de São José. Em meio a destruição, apenas um barraco, escondido pelo mato, permaneceu intacto. No local, há roupas, móveis e galinhas do antigo dono.

Com o fim da demolição, os seguranças da empresa passaram a dificultar o acesso da população, que antes tinha livre acesso para garimpar em meio aos escombros. Sem ter para onde ir, dependentes químicos se abrigaram em meio aos restos dos barracos para usar drogas.Os sem-teto ainda acreditam que o Poder Público pode adquirir a área e eles possam voltar ao Pinheirinho.

A equipe que faz a segurança da área limitou o acesso ao terreno de 1,3 milhão de metros quadrados.
Ontem, poucas pessoas conseguiram entrar na área e as que foram, ficaram surpresas com o que se tornou o antigo acampamento em que viviam cerca de 1.120 famílias.

“Vinha todo dia vender verduras e legumes. Tinha mais de 120 clientes, todos pessoas de bem. Dá dor no coração ver que todas as casas viraram pó”, diz o vendedor Everaldo Rocha de Melo, 60 anos. A partir de hoje, a Selecta deve começar a colocar cercas de arame farpado em torno do terreno e, logo depois, deve murar a área.

Nos trechos que a população estava driblando a segurança, foram criadas algumas trincheiras. Foram cavados buracos fundos no chão e, logo depois, há montes de lama. Acessível apenas por uma trilha em meio a um matagal, o ‘Sítio do Barba’, como diz a placa na entrada, é o único barraco de pé.

A casa, de dois cômodos, está intacta. As roupas continuam penduradas no varal e o quarto desarrumado.
As duas galinhas do antigo dono foram soltas, mas continuam na casa. O saco, onde ficava a comida delas, foi virado para que elas comessem.

O Vale