Os efeitos econômicos da catástrofe de 11 de março, no nordeste do Japão, podem começar a afetar a economia do Vale do Paraíba.
Das empresas sediadas no Brasil que importam mais de US$ 10 milhões do Japão por ano, sete são do Vale.
A Hitachi, que desenvolve sistemas de ar-condicionado, tem sido o caso mais grave. A falta de componentes vindos de fornecedores do Japão tem feito a empresa utilizar boa parte do estoque e já projeta um momento conturbado no segundo semestre.
De acordo com o diretor técnico da Hitachi, Shunji Sasaki, a empresa tem um planejamento e poderá usar o material que tem até junho, depois passará por dificuldades.
Ele ressalta que o problema mais grave é na placa de comando, já que os fornecedores dos microprocessadores que compõem essa placa de comando foram afetados pelo tsunami.
Também há problema no capacitador, responsável pelo controle de energia. Três fornecedores desse componente eram do nordeste do Japão.
A Hitachi tem buscado alternativas para encontrar fornecedores de outras regiões do Japão, mas prevê um momento difícil em julho, principalmente no quadro de funcionários.
Ainda segundo o diretor, a empresa estuda dar férias coletivas a partir de 2 de junho
Outras empresas da região acreditam que a influência econômica do tsunami do Japão é muito pequena e atualmente se limita ao atraso de peças.
A Embraer, por exemplo, projeta uma demora de até 40 dias na entrega de alguns materiais.
Para o vice-presidente executivo para o mercado de aviação comercial da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva, deverá haver um atraso no segundo trimestre de uns 30, 40 dias, mas no fim do ano a empresa entregará o mesmo número de aviões que planejou.
Para o vice-presidente, o atraso já foi maior, mas tem diminuído com a retomada das atividades no Japão
A General Motors, por meio de sua assessoria, considerou que a maior parte da crise já passou e que vem acompanhando a situação de perto.
A empresa ressalta que um possível atraso no recebimento de peças ainda não pode ser confirmado.
Com sede em Taubaté, a empresa sul-coreana LG acredita que o problema maior é o chip importado do Japão.
De 70% a 80% dos semicondutores para aparelhos eletrodomésticos vinham do território japonês. A empresa estuda mercados alternativos para não sofrer consequências econômicas.
A Toshiba, que fornecia parte dos chips da LG, retomou recentemente as atividades na fábrica de Iwate, cidade onde mais de 4 mil pessoas perderam a vida na tragédia de 11 de março.
A Panasonic, com sede em São José dos Campos, teve cinco fábricas comprometidas no Japão. Agora, ela procura soluções para não sofrer com a falta de componentes eletrônicos, chips e semi-condutores.
A Petrobras, com refinaria em São José e importando mais de US$ 10 milhões do Japão, afirma não ter sofrido consequências com o tsunami.
A refinaria da empresa opera normalmente na Ilha de Okinawa, sul do Japão. Logo após a tragédia, o escritório da empresa em Tóquio foi esvaziado por alguns dias.
Fonte: OVALE