A Prefeitura vai leiloar dois prédios inacabados

Projeto elaborado pelo Ipplan prevê a venda de duas das quatro antigas torres da Argon para empresas interessadas em atender o Minha Casa, Minha Vida; famílias com renda acima de 3 salários serão o foco.

As torres, desapropriadas pela administração municipal há dois anos, serão repassadas por leilão à construtora que oferecer o maior valor.

O processo terá algumas exigências e a principal delas é que os prédios sejam finalizados e os apartamentos, revendidos por meio de programas habitacionais da Caixa Econômica Federal sendo que cada torre tem 128 unidades habitacionais.

O governo Eduardo Cury (PSDB) comprou os ‘esqueletos’ no início de 2009 por R$ 6 milhões junto à massa falida da Argon com a proposta de incorpora-los ao programa habitacional do município.

Pouco depois, usou parte da área do empreendimento para o traçado da Via Norte (ligação viária do centro com a zona norte) e chegou a cogitar a demolição das torres.

“Ao fazer as duas torres, a gente ganha tempo para avaliar a opinião das pessoas e definir o que será feito com as outras duas”, disse Cury ao jornal O VALE.

Cynthia Gonçalo, diretora geral do Ipplan (Instituto de Pesquisa, Administração e Planejamento), afirmou que ainda não há prazo para a realização do leilão. Segundo ela, a Caixa Econômica Federal, que será parceira no projeto, realiza nesta etapa a avaliação do imóvel que vai estabelecer o valor mínimo que será pedido no leilão.

As torres não tem nenhum tipo de acabamento –não contam sequer com rede hidráulica e elétrica.

“Não sabemos ainda qual perfil das famílias que serão atendidas. Isso depende do estudo da Caixa, mas deve ser acima de três salários”, afirmou a diretora.

A administração do PSDB chegou a anunciar a realização de uma consulta pública para saber a opinião da comunidade sobre o melhor destino a ser dado aos espigões abandonados. As audiências nunca foram realizadas.

Líderes do acampamento sem-teto do Pinheirinho vão se reunir hoje em São Paulo com representantes da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) para discutir o cronograma de vistorias da gleba.

O movimento busca o apoio do governo do Estado para transformar a ocupação, localizada na zona sul de São José, em um bairro legalizado.

A urbanização envolve asfalto, instalação de rede elétrica e de saneamento além de escolas e unidades de prestação de serviço. Todo o investimento virá dos cofres do governo federal e faz parte do projeto de legalização da área.

O prefeito Eduardo Cury afirmou que nenhuma verba do município será utilizada na urbanização da gleba.

“A prefeitura não considera justo pegar o dinheiro da população e priorizar quem invadiu e deixar atrás quem não invadiu. Senão todo mundo vai querer invadir e tomar do outro uma coisa que foi conquistada com muito suor”, afirmou.

Valdir Martins, o “Marrom”, líder do acampamento, disse que a falta de apoio da prefeitura não irá prejudicar o processo de regularização.

“A prefeitura nunca se dispôs a ajudar em nada. Vamos definir o que será feito no local com a CDHU que vai custear as obras junto com a União”, afirmou o sem-teto.

Levantamento da prefeitura apontou que 1.659 famílias vivem na área 1,3 milhão de metros quadrados. Ao todo, moram 5.488 pessoas no assentamento, sendo que quase a metade (47,6%) é composta por jovens com até 18 anos.

Fonte: O Vale